Galp diminui investimento e reforça projetos no Brasil e em Angola

por Graça Andrade Ramos - RTP
A nova refinaria da Galp em 2013 em Sines

A Galp Energia anunciou o plano estratégico para os próximos cinco anos a analistas e investidores, esta tarde em Londres, com destaque para a expansão da produção no Brasil e em Angola e para a redução num quinto do investimento médio anual até 2021.

De acordo com um comunicado enviado à CMVM - Comissão de Mercado e Valores Mobiliários o investimento da petrolífera nacional deverá situar-se "entre os 800 mil euros e os mil milhões de euros" anuais.

A maioria do investimento irá concentrar-se, como em 2015, na exploração e produção de petróleo e de gás natural, com os projetos do pré-sal no Brasil e a execução do bloco 32 em Angola além da preparação dos projetos na bacia do Rovuma, em Moçambique.

O crescimento da produção é estimado entre 15 a 20 por cento anualmente, abaixo de previsões anteriores que previam um intervalo entre os 25 e o 30 por cento.

"Permanecemos ficados em completar os projetos em curso, dentro do tempo e do orçamento previstos", afirmou o presidente executivo da empresa, Carlos Gomes da Silva, "e almejamos grandes dividendos".
Brasil, Angola e Moçambique
De acordo com o plano de execução hoje apresentado, a Galp prevê duplicar nos próximos cinco anos as unidades de produção em operação no Brasil e Angola até 2021, para um total de 16.

A maioria destas unidades está sediada no Brasil. Neste país, onde já detém seis unidades a produzir, a Galp espera que a sétima entre em produção ainda no primeiro semestre do ano corrente e que, até finais de 2017, entre em produção a Lula Norte. Em 2018, será a vez de outras duas unidades (Berbigão/Sururu e extensão de Lula Sul) seguindo-se em 2019 e 2020 mais duas unidades.

Também em 2018, mas em Angola, deverão começar a produzir duas novas plataformas no bloco 32 (Kaombo Norte e Sul).

A entrada em operação da unidade em Moçambique relativa a um projeto de gás natural da bacia do Rovuma - no qual a Galp detém uma participação de 10% - fica fora desde intervalo, devendo ocorrer a partir de 2021.
Petróleo na costa alentejana
Já sobre investimentos em Portugal, Carlos Gomes da Silva referiu-se à exploração de petróleo na costa alentejana e à possibilidade de investir na produção de energia renovável, desde que este não seja regulada nem subsidiada.

O presidente executivo da Galp Energia admite que o consórcio que a empresa integra com a Eni poderá avançar já este ano, com o primeiro poço exploratório de petróleo na costa alentejana a cerca de 80 quilómetros de Sines.

Tal só poderá suceder "entre abril e maio" mas, caso esta 'janela de oportunidade' se feche, o projeto poderá concretizar-se noutro ano: "abril a maio é uma janela de oportunidade que não se pode perder", disse Gomes da Silva, acrescentando que pode ser "um qualquer abril de um qualquer ano".O furo a realizar no Alentejo para conhecer as potencialidades do leito submarino terá uma profundidade entre os 1.200 e os 1.600 metros de profundidade, com um custo estimado de um milhão de dólares por dia (sendo previsível que se prolongue por um período de 45 a 60 dias).

O presidente da Galp Energia afirmou que "a operação será feita quando todas as condições estiverem reunidas, se forem compatíveis com a janela de período de tempo com condições do mar", escusando-se a dar uma nova data.

Nesta parceria a petrolífera italiana Eni detém uma participação maioritária de 70 por cento e a Galp uma minoritária de 39 por cento, para exploração de petróleo na costa alentejana em três concessões, denominadas Lavagante, Santola e Gamba, que abrangem uma área total de aproximadamente 9.100 quilómetros quadrados.
Mercado das renováveis
Já quanto às energias renováveis, Gomes da Silva admitiu em conferência de imprensa o interesse no mercado, acompanhando "a transição para o baixo carbono". "Não podemos ser indiferentes àquilo que se passa à nossa volta: todas as tendências levam a uma descarbonização da energia", declarou.

Depois de ter desinvestido a Ventoinveste, os próximos e eventuais investimento em renováveis irá depender do fluxo financeiro da empresa após 2018, quando se espera que este seja positivo.

"Chegamos na altura em que a tecnologia começa a ser competitiva em base de mercado sem ter que receber qualquer tipo de subsidiação. Acho que este é que é o modelo. Nunca antes de 2018. Enquanto não tivermos `cash flow` positivo não nos vamos expor a projetos que não fazem parte do `core business` " da empresa, que continua focada no petróleo e do gás, referiu o presidente executivo da Galp.
Lucros em queda
De acordo com um comunicado da petrolífera, no ano transato a Galp Energia obteve um resultado líquido ajustado de 483 milhões de euros, uma redução de 24% - ou 156 milhões - face aos 639 milhões alcançados no período homólogo de 2015.

A queda nas vendas totais de gás natural e a descida das margens de refinação de seis dólares para 4,3 dólares por barril terão sido os principais responsáveis pelos resultados.

A empresa prevê ainda relativamente a 2016 pagar 50 cêntimos por ação em 2017, valor de remuneração superior ao pago em 2016 relativo a 2015 (41 cêntimos por ação) e que deverá manter-se inalterado nos anos seguintes.

"A Galp assume um dividendo estável tendo como referência os 50 cêntimos por ação", adiantou hoje a petrolífera, mas este montante poderá ser ajustado "tendo em conta a geração de 'cash flow' (fluxo financeiro).

c/agências
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