Greve. Sindicato dos motoristas propõe aumentos até 2025 e critica intransigência da ANTRAM

por RTP

O sindicato dos motoristas de matérias perigosas esteve reunido com os associados este sábado, em Leça da Palmeira. Os motoristas garantem que “há toda a vontade de evitar a greve”, mas garantem que se a ANTRAM mantiver uma posição intransigente de não negociar, avançam mesmo para a paralisação. Dizem aguardar para saber se a ANTRAM vai estar presente na reunião marcada entre governo e sindicato na segunda-feira de manhã. Para cima da mesa de negociações, o sindicato leva uma proposta de aumentos faseados até 2025.

A proposta, adiantou Pardal Henriques, passa por aumentar o salário base dos motoristas para mil euros até 2025, com indexação ao crescimento do salário mínimo nacional, o que permite um prazo mais dilatado, quer para que as empresas possam cumprir com aquilo que ficar estabelecido no CCT, quer para que haja a paz social. Uma proposta que, diz o sindicato, tem em conta aquelas que foram as preocupações demonstradas pela ANTRAM.

“Estamos dispostos a fazer a greve ou não”, garante Pedro Pardal Henriques, entrevistado no final do encontro com os associados. “Há toda a vontade de evitar a greve”, garante, advertindo que se a ANTRAM continuar numa posição de intransigência, de não negociação, então, o protesto é mesmo para avançar.

“As pessoas já perceberam que os motoristas são extremamente importantes e são explorados”, adverte Pardal Henriques.

Na reunião desta tarde, os motoristas de matérias perigosas acertaram as estratégias para os dias de paralisação. A greve está marcada para 12 de agosto.

Na segunda-feira está marcada uma reunião do sindicato no Ministério das Infraestruturas, sem a confirmação da presença da ANTRAM. Está previsto que a ANTRAM esteja reunida com o governo durante a tarde.
ANTRAM diz que reunião no Ministério "é uma farsa"
O porta-voz da ANTRAM disse este sábado que a reunião de segunda-feira no Ministério das Infraestruturas "não existe" e que "é uma farsa" do sindicato com o objetivo de "ludibriar" os portugueses sobre uma alegada disponibilidade para negociar.

"A ANTRAM [Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias] não estará nessa reunião porque essa reunião simplesmente não existe", disse à Lusa o advogado e porta-voz da associação, André Matias de Almeida.

"Essa reunião é uma farsa que se destina, mais uma vez, a ludibriar a comunicação social e o povo português sobre uma alegada disponibilidade deste sindicato [de Mercadorias de Matérias Perigosas] para negociar", acrescentou o advogado.

André Matias de Almeida assegurou, no entanto, que "a ANTRAM não foi convocada, não recebeu nenhum aviso de nenhuma convocatória de nenhuma reunião", nem pelo SNMMP nem pelo ministério.

Questionado sobre a abertura para negociar novas propostas apresentadas pelos sindicatos, o porta-voz da ANTRAM disse que a associação "está sempre disponível para negociar, desde que não seja sob chantagem e sob pressão e isso implica o levantamento do pré-aviso de greve".
"Não só esta nova proposta do sindicato de matérias perigosas é uma farsa na justa medida em que não implica nenhuma redução, pelo contrário, implica um aumento de 150 euros face à proposta inicial, como por outro lado não levanta o pré-aviso de greve sabendo que isso é uma chantagem total à negociação", defendeu André Matias de Almeida.

"Isto não é nenhuma forma de chegar a um entendimento, isto é tão somente e exclusivamente uma tentativa de lavar a cara perante a comunicação social e perante a opinião pública portuguesa", acrescentou o porta-voz da ANTRAM.

A greve convocada pelo SNMMP e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), que começa em 12 de agosto, por tempo indeterminado, ameaça o abastecimento de combustíveis e de outras mercadorias.

O Governo terá de fixar os serviços mínimos para a greve, depois de as propostas dos sindicatos e da ANTRAM terem divergido entre os 25% e os 70%, bem como sobre se incluem trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.
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