Inflação deverá continuar "elevada no curto prazo"

por Lusa
Reuters

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que os níveis mais altos de inflação deverão permanecer durante mais tempo do que o previsto, enquanto as disrupções nas cadeias de abastecimento e os preços elevados da energia se mantêm.

"A inflação deverá continuar elevada no curto prazo, com uma média de 3,9% nas economias avançadas e 5,9% nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento em 2022, antes de baixar em 2023", pode ler-se na atualização das previsões económicas mundiais publicada hoje pelo FMI.

A instituição com sede em Washington admite, assim, que o nível elevado de inflação deverá "permanecer" durante mais tempo do que o previsto no relatório publicado em outubro.

Contudo, acredita que, assumindo que as expectativas da evolução dos preços continuam bem ancoradas, "a inflação deverá diminuir gradualmente à medida que os desequilíbrios entre a oferta e a procura diminuem em 2022 e a política monetária das principais economias responde".

O FMI recorda que a inflação continuou a subir ao longo do segundo semestre de 2021, impulsionada por diversos fatores "de importância variável" entre as regiões, exemplificando que os preços dos combustíveis fósseis quase duplicaram no ano passado, elevando os custos da energia e provocando uma inflação mais alta, principalmente na Europa.

Assinala, por outro lado, que o aumento dos preços dos alimentos contribuiu para uma inflação mais alta na África subsaariana, enquanto os constrangimentos nas cadeias de abastecimento e as restrições e a alta procura por bens levaram ao aumento das pressões sobre os preços, especialmente nos Estados Unidos.

No entanto, antecipa que o rápido aumento dos preços dos combustíveis também deverá moderar-se durante 2022-2023, o que, diz, irá "ajudar a conter a inflação".

O FMI sublinha que os mercados de futuros indicam que os preços do petróleo vão subir cerca de 12% e os preços do gás natural cerca de 58% em 2022 -- "ambos consideravelmente inferiores aos aumentos observados em 2021"-, antes de recuarem em 2023.

Da mesma forma, espera que os preços dos alimentos aumentem a um ritmo mais moderado de 4,5% este ano e diminuam em 2023.

A instituição de Bretton Woods espera ainda que a política monetária menos acomodatícia nos Estados Unidos leve a um aperto das condições financeiras globais, pressionando os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento, já que as taxas de juro mais altas também irão tornar os empréstimos mais caros a nível mundial, sobrecarregando as finanças públicas.

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