Infraestruturas e serviços estão a desmoronar a olhos vistos dizem portugueses na África do Sul

por Lusa

As infraestruturas e os serviços públicos estão-se a "desmoronar" a "olhos vistos" na África do Sul, que assinala sábado 30 anos de democracia sob a governação do partido ANC, consideraram portugueses residentes no país africano, à Lusa.

"Noto, como todos os utentes, que as infraestruturas, e de um modo geral serviços da mais variada ordem, desmoronam a olhos vistos", observou à Lusa Daniel Muralha.

O ex-jornalista luso-sul-africano, que acompanhou na redação central da pública South African Broadcasting Corporation (SABC), em Joanesburgo, a onda de "crispada esperança" em abril de 1994 com o fim do regime de `apartheid`, salientou que "desde portos, a caminhos de ferro, à rede rodoviária, a serviços de eletricidade e de abastecimento de água, há toda uma conjuntura que apresenta indícios de potencial perigo de inexorável rutura".

"Algo que espero, como todos, que não passe de fase transitória, ainda que prolongada demais", adiantou.

Nesse sentido, Alexandre Santos, que é também conselheiro das comunidades portuguesas pelo círculo de Joanesburgo, a capital económica da África do Sul, considerou à Lusa que o fenómeno da captura do Estado pela grande corrupção pública "acabou por dar azo à instabilidade política, à violência, à desagregação do poder do Estado e bem assim também da atividade económica".

"Verificou-se e vem-se verificando cada vez mais um aumento da pobreza e da desigualdade, o clima de agitação social, que não dá mostras de desaparecer, é constante, e com o aumento do desemprego, a evasão de capitais, o aumento da criminalidade, este país está realmente a correr o risco de cair no colapso", sublinhou.  

O ANC governante enfrenta nos últimos anos acusações de corrupção, desemprego e a quase falência das empresas públicas.

De acordo com as sondagens, o ANC, no poder desde as primeiras eleições democráticas do país, em 1994, poderá perder pela primeira vez a maioria absoluta no parlamento e ser forçado a formar um Governo de coligação.

"O ANC governante corre o risco de perder as eleições, ou se não perder, pelo menos de que a sua maioria não venha a ser absoluta e tenha que recorrer a coligações indesejáveis, e isso naturalmente vai resultar num cenário um pouco assombroso que podemos estar a caminhar para um Estado falhado, à semelhança do que aconteceu no Zimbabué e na Venezuela", salientou Alexandre Santos em declarações à Lusa.

Questionado sobre o resultado das políticas socialistas de orientação marxista-leninista do ANC e do Partido Comunista sul-africano, Alexandre Santos considerou que não ver "que no caso da África do Sul o marxismo-leninismo e as suas políticas económicas sejam exceção ao falhanço que ocorreu noutros países e em outras economias".

"O ANC está a querer perseguir políticas que são falhadas, mas que se recusa determinantemente a pôr de parte", sublinhou.

 

 

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