Israel vai vender ao Egito 15 mil milhões de dólares de gás natural em 10 anos

por Lusa

Jerusalém, 19 fev (Lusa) -- Uma empresa israelita anunciou hoje que vai vender gás natural ao Egito no valor de 15 mil milhões de dólares (12 mil milhões de euros), o maior acordo feito até hoje por esta indústria de Israel.

A Delek Drilling e um parceiro norte-americano, Noble Energy, assinaram um acordo para vender um total de 64 mil milhões de metros cúbicos (mmmc), ao longo de dez anos, à empresa egípcia Dolphinus Holdings.

O chefe executivo da Delek Drilling, Yossi Abu, classificou o acordo como sendo "grandes notícias" para ambos os países.

Adiantou que a maior parte do gás deve ser destinado ao mercado doméstico egípcio, mas admitiu que estas exportações podem pavimentar o caminho para uma cooperação maior e ajudar a transformar o Egito numa plataforma de exportação para o gás israelita.

"Penso que a principal coisa é que o Egito está a tornar-se numa plataforma de gás para a região", disse.

O vice-presidente executivo para as operações da Noble Energy, Gary Willingham, afirmou que "estes acordos continuam a demonstrar a força do mercado regional para o (nosso) gás natural no Mediterrâneo Oriental".

O Egito foi o primeiro Estado árabe a fazer a paz com Israel, em 1979, mas os anteriores acordos económicos têm gerado controvérsia no país, onde o apoio aos palestinianos é elevado.

Não houve comentários imediatos por parte de dirigentes egípcios.

O gás vai ser fornecido a partir do campo de gás Tamar, que já está operacional, e de outro campo, ainda maior, chamado Leviatã, que deve começar a funcionar no final de 2019.

Várias rotas para transportar o gás estão a ser consideradas, das quais o gasoduto já existente entre a Jordânia e o Egito é uma forte probabilidade, adiantou Abu.

Israel já vende gás à Jordânia.

Israel tem estado a desenvolver os campos de gás natural na sua costa mediterrânica na última década. Em 2016, Delek e Noble assinou o primeiro acordo de exportação, no valor de 10 mil milhões de dólares, com a duração de 15 anos, para fornecer 45 mmmc de gás à Jordânia.

Os negócios do gás refletem os interesses estratégicos partilhados com a Jordânia e o Egito, ambos importantes aliados dos EUA.

Israel mantém discretos laços de segurança com ambos os países, em particular o Egito, que está a combater uma insurgência de militantes no Sinai, próximo da fronteira israelita.

O ministro da Energia israelita, Yuval Steinitz, classificou o negócio como "um marco muito importante".

Em declarações à rádio do exército, disse: "Esta é a primeira vez desde a assinatura dos acordos de paz com a Jordânia e o Egito que há grandes negócios de exportação entre Israel e o mundo árabe".

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, saudou o que designou "um acordo histórico", dizendo que pode propiciar milhares de milhões de dólares para os cofres estatais.

Netanyahu adiantou que o negócio validou o controverso acordo de 2016 com o consórcio Delek para desenvolver os campos de gás israelitas.

Vários críticos, entre os quais deputados da oposição, apontaram que o acordo estava enviesado em favor das empresas.

"Hoje foi um dia alegre", declarou.

Tópicos
pub