Iván Duque espera que novo presidente da Colômbia mantenha a democracia

por Lusa

O presidente da Colômbia, Iván Duque, disse hoje à Lusa que espera que o novo chefe de Estado eleito do país, Gustavo Petro, mantenha o país "em democracia", ao contrário dos autocratas no poder na América Latina.

"É isto que esperamos do próximo presidente: que mantenha a Colômbia no caminho da democracia e que não se alterem as regras do jogo democrático", disse à Lusa Iván Duque cujo mandato presidencial termina no próximo dia 07 de agosto.

 O "esquerdista" Gustavo Petro, antigo membro do M-19 movimento guerrilheiro que se transformou em partido político nos anos 1990 foi eleito na segunda volta das presidenciais que se realizaram este mês na Colômbia.

Sobre o futuro presidente colombiano, Duque diz que é preciso "esperar" e explica que politicamente não vê o mundo dividido entre esquerda e direita. 

 "Para mim, mais do que falar de esquerda e de direita a América Latina está entre democratas e autocratas", afirmou Duque referindo-se a outros países da região.

"Os autocratas são os `Maduros` (presidente da Venezuela), os `Ortega` (Nicarágua), os `Díaz Canel` (Cuba), entre outros que querem continuar a flagelar e a isolar o próprio povo. Nós os democratas somos os que queremos a alternância democrática, a independência de poderes, liberdades económicas e que respeitamos os mandatos presidenciais", acusou.

Uma das questões centrais do atual momento político colombiano é a apresentação prevista para terça-feira do primeiro relatório da Comissão para o Esclarecimento da Verdade e Convivência que durante os últimos três anos preparou o documento sobre meio século de violência no país que envolveu grupos de guerrilha como as FARC ou narcotraficantes. 

Iván Duque afirma que "como colombiano" espera que se verifique uma construção de verdade e não "uma construção de `pós verdade`"

"A sociedade deve analisar o relatório mas sublinho, a discussão e o relatório tem de ser sobre a verdade e não sobre a `pós verdade` porque na Colômbia cometeram-se muitos erros históricos quando se tentou justificar a violência e quero dizer com toda a clareza: não há assassinatos de esquerda ou assassinatos de direita. Todos são criminosos e merecem uma sanção", considera Duque que encara o relatório com prudência.

"Quem flagelou a Colômbia e cometeu crimes não pode reivindicar ser `lutador social` sob o mau uso da palavra `revolução` porque em democracia `revolução` não existe, porque intimidar com violência o povo colombiano é terrorismo", declarou.   

Por outro lado, Iván Duque refere que no país houve "legalidade", e as forças (militares) e a polícia são a garantia da legalidade.

"Isto para mim é a construção de uma verdade. Porque não há justificações nem causas para um assassinato, um sequestro ou uma extorsão e qualquer justificação destas práticas pode deturpar o princípio essencial da verdade que é a a legalidade", afirmou.

Por outro lado, no passado fim de semana, o presidente eleito Gustavo Petro estabeleceu os primeiros contactos com Caracas desde o início da crise venezuelana.

"Eu pessoalmente sempre tive uma posição clara, partilhada com alguns países. O que há na Venezuela é uma ditadura. Nicolás Maduro é um criminoso de lesa humanidade, eu denunciei-o perante o Tribunal Penal Internacional e mantenho a minha posição até ao último dos meus dias porque creio que é um criminoso", acusa Duque.

Para o ainda chefe de Estado da Colômbia "o que Nicolás Maduro fez na Venezuela é infame" contra os venezuelanos tendo provocado "a maior crise migratória" da América Latina e Caraíbas. 

"O governo que me antecedeu condenou as eleições fraudulentas com que Maduro quis perpetuar-se no poder e nós mantivemos a mesma linha (...) se houver um novo governo (colombiano) que mude esta postura será um problema do próximo governo mas o que a mim diz respeito, a minha posição e a minha voz contra a ditadura da Venezuela vai manter-se até que regresse a democracia", concluiu.

Iván Duque participa em Lisboa na II Conferência dos Oceanos das Nações Unidas.

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