Juros da dívida portuguesa a 10 anos disparam para 4,5 por cento

por Pedro Valador

É um valor que não era atingido desde 2014, quando a troika estava em Portugal. A declaração do Governo, de que poderá avançar com mais medidas, surge neste contexto de desconfiança do mercado.

No prazo de referência, as obrigações a 10 anos viram os juros tocar esta quinta-feira nos quatro e meio por cento, embora depois tenham recuado para um valor em torno dos quatro.

Há aqui uma escalada que começou em Janeiro. E é preciso recuar a Março de 2014, quando a troika ainda estava em Portugal, para se encontrar registo de um valor tão alto.

O primeiro-ministro António Costa diz que está tranquilo: "Ao longo desta semana tem havido agitação nos mercados ao nível internacional e em particular no conjunto da Europa, e que naturalmente não tem deixado Portugal isento. Nós estamos atentos ao que vai acontecendo, seguimos e vamos acompanhando os movimentos, temos todas as razões para estar tranquilos com o projeto de orçamento que temos".

Mas, se compararmos a evolução da taxa de juro da dívida portuguesa com a de outros países periféricos, vemos que os juros em Espanha e Itália se têm mantido praticamente inalterados desde o início do ano.

Em Espanha subiram uma décima para 1,83% e em Itália cresceram perto de duas décimas para 1,76%. Ora os juros portugueses quase duplicaram, de 2,5 para mais de quatro por cento, no mesmo período de tempo.

A oposição destaca esta diferença entre economias com as mesmas dificuldades. Segundo o líder da bancada social-democrata, Luís Montenegro, "este processo orçamental que tem tido a marca da trapalhada, estes avanços e recuos do governo, a atitude revanchista face àquilo que eram caminhos que se estavam a percorrer - tudo isso tem um efeito: gera falta de confiança, insegurança, instabilidade". E, segundo Assunção Cristas, "é mais uma campaínha de alrme a tocar".

Analistas contactados pela RTP dizem que esta subida de juros da dívida portuguesa se deve a fuga de investidores, em especial estrangeiros, com medo dos riscos e preocupados com a evolução das contas nacionais, da economia e das exportações.

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