Líderes Europeus querem tratado de comércio livre com os EUA

por RTP
Thierry Roge, EPA

Os líderes europeus reunidos em Bruxelas concordaram em desenvolver esforços para a assinatura de um pacto de comércio livre entre a União Europeia e os Estados Unidos. A notícia é dada pela Reuters, que teve acesso à proposta de declaração final conjunta do Conselho Europeu. As grandes potências exportadoras, Grã-Bretanha e Alemanha, convenceram os restantes membros da UE a procurarem um acordo com Washington que, a ser concretizado, englobará metade da produção económica a nível mundial e poderá ajudar a tirar a Europa da crise económica e financeira em que se encontra.

De acordo com o texto do projeto de declaração final, a UE dará “o seu apoio a um acordo de comércio abrangente” com os Estados Unidos.

“Todos os esforços devem ser devotados a alcançar acordos com parceiros chave”, sendo que os líderes europeus colocam os EUA no topo de uma longa lista que também inclui o Japão e o Canadá.
Bola está no campo americano
Como se costuma dizer, a bola está agora do lado americano, a quem compete responder à proposta europeia. A declaração dos 27 levanta expetativas de que, na próxima quinta-feira, Barack Obama venha a apoiar a iniciativa, quando proferir o tradicional “Discurso da União”, no qual os presidentes norte-americanos costumam definir as prioridades para o ano em curso.

Em 2011, Obama e os líderes europeus tinham encarregado os respetivos responsáveis pelo Comércio de estudarem a possibilidade de um acordo, que iria integrar ainda mais os dois blocos comerciais que já praticam entre si taxas aduaneiras baixas.
"Terreno comum"
O comissário europeu do Comércio, Karel De Gucht, e o representante americano para o comércio, Ron Kirk, elaboraram uma proposta de tratado que já estará essencialmente pronta. De Gucht, que se deslocou esta semana a Washigton, disse que há “sinais fortes” de que existe suficiente terreno comum para avançar com as negociações.

As conversações poderão ter início nos próximos meses e, embora este tipo de negociações seja geralmente lentas, ambos os lados sinalizaram que gostariam de chegar a acordo o mais rapidamente possível, possivelmente em finais de 2014.

Responsáveis norte-americanos citados pela Reuters manifestam-se receosos de que as negociações se prolonguem indefinidamente. Antes de estas se iniciarem, insistem em que haja, primeiro, um forte empenhamento político por parte dos 27, para demonstrar que a UE está de facto pronta a abrir os seus mercados.

Desde há meses que a chanceler alemã e a Grã-Bretanha têm vindo a pugnar por um tratado desta natureza com os EUA.

“Não há nada que eu deseje mais do que um acordo de comércio livre com os Estados Unidos”, disse Angela Merkel a 19 de janeiro em Berlim.

Sábado passado, em Munique o vice presidente dos EUA, Joe Biden disse que os benefícios económicos de um tal tratado seriam “quase sem limites”, se os dois lados conseguissem arranjar a vontade política para ultrapassar as suas divergências de longa data sobre a regulamentação que têm vindo a bloquear as exportações agrícolas e outras.

“Isso está ao nosso alcance”, disse Biden.

Os diplomatas dizem que esta é a altura certa para avançar com o acordo, que começou a ser discutido há três décadas mas que sempre foi considerado muito difícil, devido às preocupações dos protecionistas de ambos os lados do Atlântico, especialmente no que respeita ao setor agrícola.
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