Macedo e Maya avisaram que lista para BCP devia ter Vara e Santos Ferreira

por Lusa

Lisboa, 11 jun 2019 (Lusa) - O ex-administrador do BCP Filipe Pinhal disse hoje que Paulo Macedo e Miguel Maya, elementos da sua lista concorrente à liderança do BCP, o avisaram que teria de incluir Carlos Santos Ferreira ou Armando Vara para sair vencedor.

"No dia 03 de dezembro [de 2007], data em que ia acontecer a reunião do conselho de administração que oficializaria a lista, cheguei ao banco e tinha à minha espera Manuel Fino", revelou hoje Filipe Pinhal na sua audição parlamentar na comissão de inquérito à recapitalização e gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), em Lisboa.

Manuel Fino terá dito a Filipe Pinhal que José Berardo iria fazer uma denúncia sobre os `offshores` do BCP, que já tinha sido feita em 27 de novembro, revelou, acrescentando que Fino lhe disse que a sua lista só passaria se integrasse Carlos Santos Ferreira.

Mais tarde, na mesma manhã, Paulo Macedo, atual presidente executivo da CGD que fazia parte da lista de Filipe Pinhal para a administração do BCP, disse que tinha conhecimento que a lista não passaria se não tivesse Carlos Santos Ferreira ou Armando Vara, e voluntariou-se para sair.

Já Miguel Maya, atual presidente executivo do BCP, ainda na mesma manhã, disse que a lista de Filipe Pinhal, da qual também fazia parte, sugeriu a sua saída depois de comunicar a Pinhal que também sabia que a sua lista só passaria se contivesse Carlos Santos Ferreira e Armando Vara.

De acordo com Filipe Pinhal, estas revelações surgiram depois das denúncias ao Banco de Portugal, por parte de José Berardo, sobre as `offshore` do BCP, e antes de reuniões na EDP, numa reunião que o ex-administrador do BCP apelidou de "pirata", em que teria surgido pela primeira vez o nome de Carlos Santos Ferreira para encabeçar a lista concorrente à liderança do BCP.

Filipe Pinhal questionou também o método como José Berardo teve acesso à documentação que serviu para fazer denúncias sobre o caso das `offshore`.

"Eram documentos que estavam no arquivo morto do banco, porventura digitalizados. Ou foram cuidadosamente guardados para os vir a utilizar, ou houve uma operação de entrada nos arquivos internos do banco", disse o ex-administrador do BCP.

Sem querer acusar, Filipe Pinhal disse que "tendo em conta a qualidade dos administradores da Ongoing", não lhe custava acreditar que tenham sido elementos exteriores" com "`expertise` para fazer um varrimento das trocas de `mails` dentro do banco onde encontrou os documentos que depois foram entregues ao senhor Berardo".

Filipe Pinhal relembrou que as denúncias foram conhecidas "em dezembro de 2007, mas esses documentos são entregues em 1999, 2000 e 2001".

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