Maioria das empresas públicas cabo-verdianas com prejuízos em 2021

por Lusa

A maioria das 33 empresas do Setor Empresarial do Estado (SEE) cabo-verdiano somaram prejuízos em 2021, de cerca de 39 milhões de euros, segundo dados compilados hoje pela Lusa a partir de um relatório do Ministério das Finanças.

De acordo com o relatório sobre o desempenho do SEE no quarto trimestre de 2021 e acumulado do ano, das empresas analisadas, 16 registaram resultados líquidos positivos, de mais de 1.384 milhões de escudos (12,5 milhões de euros). As restantes 17 somaram prejuízos de 4.319 milhões de escudos (39 milhões de euros).

Desta forma, o resultado líquido global do SEE cabo-verdiano ascendeu a um prejuízo de 2.934 milhões de escudos (26,5 milhões de euros) no final de 2021, acompanhando a "tendência de recuperação económica" ao representar uma "melhoria de 22,7%" face ao desempenho de 2020.

"Retomando a tendência de melhoria que se vinha registando nos últimos exercícios pré-crise pandémica", observa-se no documento.

Apenas três empresas -- de gestão aeroportuária e navegação aérea (ASA), de produção e distribuição de eletricidade e água (Electra) e a companhia aérea de bandeira TACV -- contribuíram para 83% dos prejuízos do SEE, aponta-se no documento.

Globalmente, e "apesar da retoma sentida em finais de 2021", o desempenho das empresas do SEE em Cabo Verde "continua a ser impactado pelos efeitos da pandemia da covid-19", com o volume de negócios a apresentar "uma dinâmica negativa, embora menos acentuada do que em 2020", registando um decréscimo de 14,7% (-27,3% em 2020).

"A melhoria no volume de negócios deveu-se principalmente à retoma económica impulsionada pelo setor do turismo e à reabertura das unidades hoteleiras na ilha do Sal, em finais do ano 2021. O resultado líquido do SEE, pese embora tenha sido negativo, registou uma melhoria de 8,1% face ao período homólogo", referem as conclusões do relatório.

De acordo com relatório, as 33 empresas públicas analisadas fecharam o ano com um ativo total de 118.185 milhões de escudos (1.065 milhões de euros), uma descida de 4,6% face ao último trimestre de 2020, enquanto o passivo ascendia no mesmo período a 104.781 milhões de escudos (945 milhões de euros).

As seis maiores empresas do SEE, que contribuíram com cerca de 70% do volume de negócios e 66% da riqueza criada pelo setor, são a ASA, a Electra, a Emprofac, de importação e distribuição de medicamentos, e a Enapor, de gestão portuária, todas com anúncio de privatização por parte do Governo.

Acresce a esse lote de seis maiores empresas públicas a imobiliária IFH e a companhia aérea estatal TACV, as quais, no seu conjunto, viram o volume de negócios crescer 44,7% até final 2021, face ao terceiro trimestre, "com impacto positivo de 45,7% da riqueza criada".

O relatório reconhece ainda que as empresas ligadas aos transportes e logística, à exceção dos Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), "setor bastante afetado pela pandemia", registaram um aumento nos seus volumes de negócios: "A ASA cresceu 8,4% e a Enapor 7,0%. No setor de energia, o volume de negócios da Eletra registou uma dinâmica positiva de 22,4%".

O Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde registou no quarto trimestre um crescimento de 13,2% - crescimento de 7% no total do ano -, em relação ao período homólogo, tendência "acompanhada" pelas 33 empresas do SEE analisadas no relatório, "embora ainda não atingindo os valores pré-pandemia da covid-19".

Para 2022, "em conformidade" com os Planos de Atividade e Orçamento apresentados pelas seis maiores empresas, "as perspetivas demonstram a continuação da retoma da atividade económica do SEE".

"Todas as rubricas do balanço e demonstração de resultados irão crescer, à exceção do capital próprio que irá decrescer, fruto dos resultados transitados de 2021 para 2022", prevê ainda o documento.

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