Marcelo ruma à Índia. Presidente quer acordo de investimento

por Carlos Santos Neves - RTP
"Cabe-nos construir um novo acordo sobre investimento, para ter mais investimento da Índia em Portugal e mais na Índia investimento de Portugal" Rodrigo Antunes - Lusa

A três dias da partida para uma visita de Estado à Índia, Marcelo Rebelo de Sousa acena, em entrevista a um canal de televisão daquele país asiático, com a assinatura de um acordo bilateral de investimento. A deslocação do Presidente da República ocupará vai prolongar-se de quinta-feira a domingo e terá escalas em Nova Deli, Bombaim e Goa.

“Cabe-nos construir um novo acordo sobre investimento, para ter mais investimento da Índia em Portugal e mais investimento de Portugal na Índia”, sustenta o Chefe de Estado na entrevista que concedeu à estação televisiva Doordarshan News, no Palácio de Belém, em Lisboa.

Esta é uma das mensagens-chave que Marcelo espera fazer chegar aos interlocutores em solo indiano, nomeadamente o Presidente Ram Nath Kovind e o primeiro-ministro Narendra Modi.O Presidente da República sublinha que António Costa “tem raízes indianas, mas, mais do que isso, adora a Índia, e estabeleceu uma relação empática com o primeiro-ministro Modi”.



De resto, Marcelo considera “estrategicamente muito importante” que a União Europeia celebre com a Índia um acordo de comércio livre: “Precisamos de um acordo bilateral para o investimento, ao mesmo tempo”.

Outra das ideias que o Presidente da República defenderá, tendo em conta o que afirmou na entrevista à Doordarshan News, é a do apoio total da diplomacia portuguesa à atribuição do estatuto de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU à Índia. Algo, defendeu, que “já devia ter acontecido há muito tempo”.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu também a adesão da Índia à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, mas com o estatuto de observadora associada, “outro nível de cooperação” que pode passar por “negócios conjuntos e cooperação com países terceiros”.

“Há uma oportunidade única nesses países – Moçambique é muito especial, mas também Angola, mas também o Brasil – de trabalho conjunto nos planos económico e científico. A CPLP pode ser tão interessante para a Índia. E trabalhar com Portugal seria tão natural”, insistiu.
Capitalizar o Brexit?

Marcelo defenderia, adiante, que, uma vez consumada a saída do Reino Unido da União Europeia, seria possível estabelecer uma “cooperação trilateral entre a Índia, o Reino Unido e Portugal”.



Elogiando o desenvolvimento da Índia enquanto “poder global chave no mundo”, o Presidente confessou ter “às vezes” a “impressão de que são demasiado tímidos no que respeita perspetiva global”.

“São mais fortes do que o que aparentemente parecem ser”, completou.

A visita de Estado que tem início na próxima quinta-feira, resumiu ainda Marcelo, “será curta, mas útil”. Será também “a primeira de sempre” e “um sonho nunca realizado”.

O Presidente português afirmou, por último, que “o relacionamento só pode melhorar” a partir desta visita, na qual espera reforçar o estreitamento de relações promovido pelos primeiros-ministros indiano, Narendra Modi, e português, António Costa.
A agenda
A chegada de Marcelo Rebelo de Sousa a Nova Deli está prevista para a noite de quinta-feira. Na capital indiana, lê-se numa nota da Presidência da República, o Presidente “testemunhará, juntamente com o seu homólogo, a troca de instrumentos bilaterais que permitirão reforçar o relacionamento entre os dois países”.A comitiva de Marcelo inclui o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, os secretários de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, e da Defesa Nacional, Jorge Seguro Sanches, e deputados de diferentes forças políticas.



“Na capital indiana terá também a oportunidade de prestar pública homenagem a Mahatma Gandhi, assim ilustrando a importância dos valores da paz, do humanismo e da sã convivência entre os povos” e de “inaugurar uma instalação de Joana Vasconcelos”, de acordo com o mesmo texto.

Em Bombaim, no sábado, Marcelo estará à mesa de um pequeno-almoço com empresários indianos e fechará um seminário económico, além de render homenagem às vítimas dos atendados de 2008.

A visita de Estado termina em Goa, antiga possessão portuguesa, onde Marcelo Rebelo de Sousa vai estar na assinatura de um contrato entre o grupo Águas de Portugal e o Governo local e na abertura de um seminário sobre requalificação urbana. Da agenda fazem parte visitas ao Convento de Santa Mónica e ao Museu de Arte Cristã.

c/ Lusa
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