Moçambique depende do gás para inverter subida da dívida - Moody`s

por Lusa

A agência de notação financeira Moody`s considerou hoje que Moçambique vai ter dificuldades em inverter a tendência de dívida elevada, que este ano deverá ultrapassar os 100% do PIB, dependendo da evolução do setor do gás.

"Com o impacto do novo coronavírus no crescimento económico de Moçambique, e na sua posição externa e orçamental, fragilizando ainda mais o metical face ao dólar, esperamos que a dívida pública exceda os 100% do PIB a curto prazo, e a longo prazo é incerto que o país consiga reverter esta tendência face ao nível elevado", lê-se na análise anual à economia moçambicana.

No relatório, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, a Moody`s escreve que "a capacidade de inverter a trajetória da dívida vai depender essencialmente da recuperação económica e das melhorias da posição externa do país, mas em ambos os casos a evolução do setor do gás natural liquefeito vai ser essencial, o que é incerto devido ao ambiente atual de baixos preços", acrescenta-se no relatório.

A dívida pública "vai provavelmente aumentar nos próximos anos, potenciada pelo endividamento crescente das empresas públicas, em particular a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos", que precisa de financiar a participação nos projetos de exploração de gás no norte do país.

A Moody`s estima que a dívida pública de Moçambique fique acima de 100% pelo menos até 2025 e antevê um crescimento de 3% este ano e acima de 5% em 2021.

"O perfil de crédito de Moçambique, em Caa2 com perspetiva de evolução estável reflete o endividamento governamental muito alto, a probabilidade de se manter elevado a médio prazo, e os elevados riscos de liquidez que surgem do acesso extremamente limitado a financiamento em moeda externa", lê-se no relatório anual sobre a economia moçambicana.

"O histórico de incumprimentos financeiros indica a baixa vontade do Governo de dar prioridade aos pagamentos da dívida", comentou a analista que segue a economia de Moçambique, Lucie Villa, acrescentando que "os constrangimentos económicos surgem dos baixos níveis de rendimentos, da dependência de uma agricultura de baixa produtividade e vulnerabilidade a riscos climatéricos".

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