"Negociações com investidores" em curso para "salvar empresas" da Ricon

por RTP
“Até a assembleia deliberar a liquidação das empresas operacionais do grupo há sempre tempo de inverter o caminho”, declarou o administrador de insolvência do grupo Ricon RTP

O administrador de insolvência da Ricon adiantou esta terça-feira, ao cabo de três assembleias de credores no Tribunal de Comércio de Vila Nova de Famalicão, que decorrem “negociações com investidores” tendo em vista “salvar as empresas operacionais” do grupo. Um desfecho que “não é expectável”, ressalvou Pedro Pidwell.

“Até a assembleia deliberar a liquidação das empresas operacionais do grupo há sempre tempo de inverter o caminho, não é expectável, mas em tese…”, admitiu o administrador de insolvência, para acrescentar que “há contactos com outros investidores, que não são da região, são nacionais e estrangeiros”.

“Há esforços para salvar as empresas operacionais, as quatro unidades fabris”, reforçou, já depois de os credores da Nevag SGPS, da Nevag II SGPS e da Ricon serviços terem votado a favor do encerramento e liquidação dos ativos destas holdings e da cessação da atividade da atual administração – um dos credores votará por escrito por não ter tido acesso ao relatório do administrador de insolvência.

Na quarta e na quinta-feira prosseguem as assembleias de credores, que passam a debruçar-se sobre a situação das empresas operacionais Delvest, Ricon Industrial, Delos, Fielcol e Ricon Imobiliária.

“Vamos ver o que é que as assembleias nos reservam, enquanto há vida há esperança”, insistiu Pedro Pidwell.

Diana Bouça-Nova, Pedro Oliveira Pinto, Magda Rocha, Jorge C. Vieira, Manuel Salselas, José Luís Carvalho - RTP
Cartas de despedimento

Os quase 800 trabalhadores do grupo Ricon, em processo de insolvência desde o final do ano passado, receberam na segunda-feira as cartas de despedimento.

Em comunicado ontem conhecido a administração enfatizava que a atividade do grupo “dependia de forma significativa da Gant” e que esta marca “se mostrou totalmente intransigente e indisponível para negociar e/ou mesmo abordar e analisar” quaisquer propostas.O passivo do grupo Ricon é de aproximadamente 33 milhões de euros.


Por sua vez, o presidente da Câmara Municipal de Famalicão, Paulo Cunha, prometeu pôr em prática uma “bateria social de apoio” para os trabalhadores despedidos; A resposta da autarquia passará por programas de requalificação profissional e apoios financeiros e à inserção no mercado laboral.

Em declarações citadas pela Lusa, Francisco Vieira, dirigente do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, frisou que, “neste momento, todas as soluções que aparecerem para garantir a continuidade das unidades são muito bem-vindas”. Ainda assim, o sindicalista contrapõe que a possibilidade de surgirem novos investidores “é como um gato escondido com o rabo de fora”.

“As soluções aparecem no mercado, mas querem os trabalhadores com o conta-quilómetros a zero. O que se está a passar no Grupo Ricon é um exemplo daquilo que não deve ser feito”, vincou.

Francisco Vieira salientou, por último, que a eventual entrada de novos investidores não se traduz numa perda de direitos dos trabalhadores.

“Eles podem ser admitidos de novo, vão reclamar os seus créditos, requerer fundo de garantia salarial, estão muito bem posicionados para comer a melhor carne da peça, o património da Ricon”, concluiu.

c/ Lusa
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