Oxford Economics prevê inflação de 9% em Moçambique e agitação nos transportes

por Lusa
Lusa

A consultora Oxford Economics prevê que a inflação média em Moçambique, este ano, fique acima dos 9%, o valor mais alto desde 2017, e antevê agitação social devido ao impacto dos preços no setor dos transportes.

"A inflação atingiu um novo recorde dos últimos quatro anos, num contexto de elevados preços do petróleo e dos combustíveis causados pelas perturbações na cadeia de fornecimento relacionada com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e a pandemia de covid-19", lê-se num comentário aos dados da evolução dos preços, divulgados na segunda-feira.

"Prevemos que a média da inflação anual, este ano, suba de 5,7% em 2021, para mais de 9%, este ano", escrevem os analistas, num comentário enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso.

Na análise, salientam que "as dificuldades na cadeia de abastecimento global foram agravadas pela série de ciclones tropicais que atingiram o centro e o norte de Moçambique no princípio do ano, bem como pela guerra em curso em Cabo Delgado" e acrescentam que a subida dos preços afeta desproporcionadamente alguns setores específicos, como os transportes.

"Os motoristas moçambicanos estão a pagar mais 33% pelo combustível do que há 12 meses; este forte aumento nos custos dos combustíveis originou uma onda de protestos na empobrecida nação da África Austral, com exigências dos operadores de transportes públicos para que as tarifas reguladas sejam aumentadas", vinca a Oxford Economics.

Os analistas, aliás, esperam tempos conturbados em Moçambique, já que "o governo afastou a possibilidade de aumentar os subsídios aos combustíveis e às padarias e, na verdade, indicou que estes subsídios serão provavelmente eliminados", já que a aprovação do programa de financiamento por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI), no valor de 456 milhões de dólares (437 milhões de euros), "aumenta a probabilidade de os subsídios serem reduzidos em breve, o que vai criar mais pressão nos preços dos consumidores".

A inflação homóloga em Moçambique foi de 9,31% em maio, o valor mais alto dos últimos quatro anos e sete meses, batendo novo máximo para o período, como já tinha acontecido em abril, anunciou na segunda-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).

A inflação homóloga em abril tinha sido de 7,9% e subiu 141 pontos base em maio, segundo o novo boletim do Índice de Preços ao Consumidor (IPC).

É preciso recuar até setembro de 2017 para encontrar um valor mais alto: na altura a inflação foi de 10,76%, no rescaldo do choque provocado pelo escândalo das dívidas ocultas.

A subida que se verifica desde o início do ano está em linha com todas as previsões e com o clima inflacionista global.

A taxa aproxima-se também dos 10%, valor que o Banco de Moçambique e a generalidade dos analistas dizem que não será atingido, apesar do contexto.

As divisões de alimentação, bebidas não alcoólicas e transportes foram as que mais contribuíram para o aumento de preços.

Os valores do IPC são calculados pelo INE a partir das variações de preço de um cabaz de bens e serviços, com dados recolhidos nas cidades de Maputo, Beira e Nampula.

 

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