PCP e BE solidários com greve na função pública dizem que Governo vai ter de ceder

por Lusa

Os líderes do PCP e do BE manifestaram hoje solidariedade para com os trabalhadores da administração pública que estão em greve, salientando que são necessários melhores salários e que o Governo vai ser obrigado a ceder.

Em declarações aos jornalistas perante um piquete de greve à entrada da Escola Básica e Secundária Passos Manuel, em Lisboa, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, considerou "justíssima a luta dos trabalhadores da administração pública", salientando que têm tido "anos consecutivos de perda real de salário".

O dirigente comunista destacou que são os trabalhadores da administração pública que "põem o país a funcionar", designadamente as escolas, os tribunais, a administração e os serviços públicos, e defendeu que "devem ser respeitados e valorizados".

"Não vale a pena o Governo vir dizer que não há margem, porque há margem, isso tem é de corresponder a opções que o Governo não quer tomar. Pretende dar dois mil milhões de euros em benefícios fiscais do que concentrar essa possibilidade no aumento justo dos salários", criticou.

Questionado se considera esta greve vai forçar o Governo a ceder, Paulo Raimundo respondeu que o executivo "tem cedido", ainda que de "forma muito insuficiente", referindo que "destrancou a porta para aumentos dos salários e pensões, para medidas na habitação, para medidas relativamente ao preço dos bens alimentares e outros bens de primeira necessidade".

"Agora é preciso que esta luta aproveite essa porta destrancada para escancarar a porta para responder às necessidades concretas", disse.

Para o líder do PCP, "o Governo vai ter de ceder, não tem como".

"Não é um problema de teimosia, é um problema de necessidade de objetivos. As pessoas estão muito aflitas, o aperto é muito grande para a maioria da população e dos trabalhadores, e o Governo não pode ficar como se nada fosse", defendeu.

Também presente neste piquete de greve, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, disse aos jornalistas que Portugal não pode continuar "enredado numa política de baixos salários", que não chegam para assegurar "as coisas mais básicas da vida", e salientou que "uma boa parte dos funcionários públicos recebe abaixo dos mil euros".

"Os salários praticados em Portugal tornam a vida impossível para a maior parte dos trabalhadores, a começar pelo setor público, [onde] a perda de rendimentos foi muito forte nos últimos anos", referiu.

Para a coordenadora do BE, o "Governo só tem uma coisa a fazer: aumentar salários".

"Não podemos ter um primeiro-ministro a dizer ao setor privado que é necessário subir salários e depois não o fazer no setor público, ao mesmo tempo que apresenta excedentes orçamentais que são uma ofensa para todos os trabalhadores que vivem com mil euros ou menos", disse.

Relativamente à greve na função pública, Mariana Mortágua disse que acredita que, quando as "pessoas se mobiliza, saem à rua", as coisas "mudam e podem mudar", acrescentando que "a arrogância desta maioria absoluta só pode ser combatida com essa capacidade de mobilização das pessoas".

"O Governo não está disposto a ceder, o que não quer dizer que não terá de ceder, e é para isso que servem estas mobilizações: para que o Governo tenha de ceder dando às pessoas o que é delas por direito, que é um salário que lhe permita viver, pagar uma casa, pagar a conta do supermercado", referiu.

A Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública (da CGTP) anunciou em 09 de outubro a greve nacional de trabalhadores que hoje decorre, considerando que a proposta do Governo de aumentos salariais para 2024 "é miserabilista".

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