O Grupo NSO está na "lista negra" norte-americana das empresas desde o início deste mês e, agora, corre o risco de deixar de conseguir cumprir com o pagamento de cerca de 500 milhões de dólares em dívidas. E, se as restrições às exportações dos Estados Unidos se mantiverem, a empresa tenológica israelita produtora do programa Pegasus pode entrar em insolvência, alerta a agência Moody's.
O Grupo NSO, cujo software Pegasus é usado para hackear telemóveis, está avaliado em mais de mil milhões de dólares. Mas a 3 de novembro o Departamento de Comércio dos EUA adicionou a empresa a uma lista negra de negócios, restringindo-lhe o acesso à tecnologia norte-americana – o que tem prejudicado a produção e as vendas da empresa israelita.
"Os EUA estão determinados a utilizar de maneira incisiva o controlo das exportações para responsabilizar as empresas que desenvolvem, comercializam ou utilizam tecnologias para fins malfazejos, que ameaçam a segurança informática dos membros da sociedade civil ou do governo, dos dissidentes e de organizações baseadas no estrangeiro", tinha afirmado a secretária do Comércio, Gina Raimondo.
O grupo israelita declarou-se "consternado" por esta decisão, que desejava ver adiada, segundo um porta-voz da empresa com sede em Telavive, acrescentando que o NSO tem uma carta ética "rigorosa, baseada nos valores norte-americanos".
O grupo israelita declarou-se "consternado" por esta decisão, que desejava ver adiada, segundo um porta-voz da empresa com sede em Telavive, acrescentando que o NSO tem uma carta ética "rigorosa, baseada nos valores norte-americanos".
A NSO tem sido acusada de dar acesso ao seu spyware a vários governos para espiar políticos, jornalistas, empresários, ativistas, académicos e diplomatas. A empresa, contudo, tem negado as acusações, alegando que o software Pegasus visa ajudar os governos a prevenir crimes e terrorismo.
E agora, com as novas restrições de mercado impostas por Washington, a tecnológica israelita pode não conseguir cumprir e pagar uma dívida de cerca de meio milhão de dólares.
Projeto Pegasus
Ao longo dos meses, têm sido divulgadas inúmeras investigações ao Pegasus e ao uso indevido do spyware da NSO. O software Pegasus foi, supostamente, usado por governos - como do Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Índia e Hungria - para vigiar os telefones de jornalistas, advogados, políticos da oposição e trabalhadores da sociedade civil em todo o mundo.
Na terça-feira, a Apple apresentou uma queixa contra a NSO Group, pedindo ao tribunal para que impeça definitivamente a empresa tecnológica de instalar os seus programas nos aparelhos e serviços que disponibiliza.
"No mercado de eletrónica para o grande público, os aparelhos da Apple são os mais seguros, mas as empresas que desenvolvem programas informáticos para a espionagem por conta de Estados tornaram-se mais perigosos", declarou o vice-presidente do grupo californiano com o pelouro dos programas informáticos, Craig Federighi, citado em comunicado.
"Mesmo que estas ameaças à segurança informática afetem apenas um pequeno número dos nossos clientes, levamos a sério todos os ataques contra os nossos utilizadores", acrescentou.
Em setembro, a Apple teve de reparar, com caráter de urgência, uma falha informática que o Pegasus foi capaz de explorar para infetar os iPhone, sem necessitar que os utilizadores tivessem de clicar em ligações ou botões armadilhados, que é a técnica usada habitualmente. Segundo os investigadores do Citizen Lab, que assinalaram o ataque, o programa informático espião aproveitava-se daquela falha desde, pelo menos, fevereiro de 2021.
De acordo com a Bloomberg, a Moody's reduziu entretanto a classificação de crédito da NSO em dois níveis, afirmando que o risco da empresa de não pagar as suas dívidas aumentou e que a empresa tem perdido dinheiro desde 2020.
A agência de classificação estima que a dívida da NSO seja igual a cerca de 6,5 vezes os seus ganhos este ano - um nível que, se se mantiver, pode levar a mais quedas. A S&P Global Ratings classifica a NSO em B-, no nível de "lixo".
Em fevereiro de 2019, os fundadores da empresa e um fundo de investimento privado compraram em conjunto o controlo da NSO, então avaliada em mil milhões de dólares. Mas, para concluir o negócio, os fundadores, Shalev Hulio e Omri Lavie, contraíram uma dívida de 500 milhões em empréstimos de dois bancos – empréstimos que são avaliados por empresas de classificação de crédito e que estimam a qualidade da dívida e oportunidades de reembolso.
Ao longo dos meses, têm sido divulgadas inúmeras investigações ao Pegasus e ao uso indevido do spyware da NSO. O software Pegasus foi, supostamente, usado por governos - como do Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Índia e Hungria - para vigiar os telefones de jornalistas, advogados, políticos da oposição e trabalhadores da sociedade civil em todo o mundo.
Na terça-feira, a Apple apresentou uma queixa contra a NSO Group, pedindo ao tribunal para que impeça definitivamente a empresa tecnológica de instalar os seus programas nos aparelhos e serviços que disponibiliza.
"No mercado de eletrónica para o grande público, os aparelhos da Apple são os mais seguros, mas as empresas que desenvolvem programas informáticos para a espionagem por conta de Estados tornaram-se mais perigosos", declarou o vice-presidente do grupo californiano com o pelouro dos programas informáticos, Craig Federighi, citado em comunicado.
"Mesmo que estas ameaças à segurança informática afetem apenas um pequeno número dos nossos clientes, levamos a sério todos os ataques contra os nossos utilizadores", acrescentou.
Em setembro, a Apple teve de reparar, com caráter de urgência, uma falha informática que o Pegasus foi capaz de explorar para infetar os iPhone, sem necessitar que os utilizadores tivessem de clicar em ligações ou botões armadilhados, que é a técnica usada habitualmente. Segundo os investigadores do Citizen Lab, que assinalaram o ataque, o programa informático espião aproveitava-se daquela falha desde, pelo menos, fevereiro de 2021.
De acordo com a Bloomberg, a Moody's reduziu entretanto a classificação de crédito da NSO em dois níveis, afirmando que o risco da empresa de não pagar as suas dívidas aumentou e que a empresa tem perdido dinheiro desde 2020.
A agência de classificação estima que a dívida da NSO seja igual a cerca de 6,5 vezes os seus ganhos este ano - um nível que, se se mantiver, pode levar a mais quedas. A S&P Global Ratings classifica a NSO em B-, no nível de "lixo".
Em fevereiro de 2019, os fundadores da empresa e um fundo de investimento privado compraram em conjunto o controlo da NSO, então avaliada em mil milhões de dólares. Mas, para concluir o negócio, os fundadores, Shalev Hulio e Omri Lavie, contraíram uma dívida de 500 milhões em empréstimos de dois bancos – empréstimos que são avaliados por empresas de classificação de crédito e que estimam a qualidade da dívida e oportunidades de reembolso.