Pesca do Cerco satisfeita com aumento de quotas mas questiona subida no carapau

por Lusa

O presidente da Associação das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco considerou hoje positivo o aumento para 131 mil toneladas na possibilidade de pesca para 2019, salientando que se deve sobretudo à subida "incompreensível" do carapau.

"Um aumento é sempre um aumento e é bem-vindo, mas esta vitória deve-se sobretudo a um aumento significativo e até incompreensível de uma espécie que é o carapau", disse à agência Lusa Humberto Jorge, presidente da Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (ANOP -- Cerco).

No seu entendimento, o aumento de 70% na produção de carapau é excessivo e até "um bocadinho absurdo".

"Achamos um bocadinho absurdo. Como é que pareceres científicos podem aumentar e baixar 70% [em anos diferentes] numa espécie. Está bem que se deve gerir as pescarias de acordo com os pareceres científicos, mas a gestão não deve seguir só os pareceres científicos porque isto pode introduzir problemas no mercado", disse.

De acordo com Humberto Jorge, Portugal já captura o máximo que o mercado de frescos consome e, por outro lado, entra no país carapau proveniente de Espanha muito mais barato.

"Lembro que o carapau é uma espécie que não tem grande possibilidade de tratamento industrial a não ser pelo frio, mas com mercados limitados pelo preço. Este aumento não nos vai trazer nada de excecional", esclareceu.

No que diz respeito às restantes quotas, o presidente da ANOP-Cerco reconhece que no geral estão dentro das expetativas e são positivas.

"Algumas mantêm-se, o que é muito importante uma vez que havia intenção de reduzir como por exemplo na pescada. Depois temos alguns pequenos aumentos no lagostim, tamboril e no atum rabilho, que são aumentos ligeiros, mas importantes", disse.

Apesar disso, para Humberto Jorge algumas espécies e pescarias portuguesas vão continuar num "colete-de-forças porque não têm quota suficiente para poder operar de forma regular e continuada".

"Contudo, o aumento em si vai provocar uma margem maior em termos de captura e da atividade das embarcações. Mas, este cenário poderá não se refletir nos rendimentos da pesca na medida em que o mercado também tem uma palavra a dizer sobre isso", concluiu.

A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, anunciou esta madrugada, um aumento para as 131 toneladas nas possibilidades de pesca para 2019, o que representa "um novo máximo histórico".

A ministra do Mar anunciou também a manutenção, face a este ano, da quota da pescada, quando a Comissão Europeia tinha proposto um corte de 14%.

No caso do tamboril, o aumento das capturas é de 5%, em vez dos 2% inicialmente propostos.

Outras espécies comercialmente importantes são o atum rabilho -- muito consumido pelos apreciadores de `sushi` -- cuja captura pode aumentar 11% em 2019, e as raias, cuja quota sobe 10% quando estava prevista não ser alterada.

A quota do carapau teve um aumento de 69%, salientando a ministra que há uma grande aceitação deste `stock` devido às campanhas para o aumento do consumo desta espécie.

A obrigação de desembarque de todas as espécies capturadas, que entra em vigor no dia 01 de janeiro não irá, por seu lado, afetar a frota pesqueira portuguesa.

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