Petição contra fecho de estações dos Correios chegou ao Parlamento

por Cristina Sambado - RTP
Mário Cruz - Lusa

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Correios e Telecomunicações entregou esta quarta-feira, na Assembleia da República, uma petição com 8.600 assinaturas contra o encerramento de 22 estações dos CTT. A estrutura sindical apela mesmo à intervenção direta do Governo junto da administração da empresa, que se propõe agora avançar com 14 novos postos de acesso em localidades afetadas pelos planos de reestruturação.

“Aquilo que nós queremos é que os CTT voltem à esfera do Estado, que é a única maneira de garantir um serviço público de qualidade e a estabilidade dos CTT”, afirmou Vítor Narciso, secretário-geral do SNTCT, aos jornalistas frente à Assembleia da República.

Para o sindicalista, “está em causa o serviço público de correios prestado à população, por um lado. Por outro lado, os despedimentos anunciados e o encerramento de estações anunciadas”.

A entrega da petição com 8.600 assinaturas foi feita ao vice-presidente da Assembleia da República, Jorge Lacão, por uma comitiva do SNTCT, após uma concentração de cerca de 400 trabalhadores.

Vítor Narciso recorda, em relação ao encerramento das estações, que o “presidente da administração dos CTT disse seriam para encerrar aquelas que não fossem necessárias. E isso, provavelmente, serão mais 100, à volta disso”.

“Privilegiar a banca e os serviços financeiros em detrimento do serviço público universal dos correios, que é o que está realmente a acontecer. Isso é que não pode acontecer, e a responsabilidade para isso não acontecer é do Governo, é do Estado”, acusou.

“Os CTT, neste momento, valem 600 milhões de euros, se olharmos para a cotação das ações e foram vendidos por 900 milhões (…). Se o Estado já pagou (por prejuízos do) BES, BPP, BPN, etc., cerca de sete mil milhões de euros para nacionalizar a dívida (destes bancos), porque é que não pode gastar 600 milhões para nacionalizar os CTT para que a população, a empresa e os trabalhadores possam ser beneficiados?”, interrogou o presidente do SNTCT.

Sobre a substituição de algumas dessas estações por postos geridos por juntas de freguesia, Vítor Narciso rejeitou a solução, argumentando que “o encerramento de uma estação de correio e a passagem para uma junta equivale a que a junta tenha de ter um funcionário para fazer o serviço”.

“Quem está a pagar? É a junta. E quem devia estra a prestar o serviço? Os CTT. Portanto as juntas de freguesia estão a funcionar os CTT. Não é a solução”, frisou.

Deputados do BE, PS e PCP juntaram-se à concentração, entre os quais a dirigente bloquista Catarina Martins, e asseguraram, em conversa com os trabalhadores em protesto, intervenção nom Parlamento para salvaguarda do serviço público dos CTT. Serviço em 14 das 22 localidades
Os CTT querem avançar com 14 novos postos de acesso em localidades onde irão encerrar instalações, cuja abertura está a ser negociada com autarquias e entidades comerciais.

O anúncio surge numa altura em que os CTT anunciaram o encerramento de 22 lojas, com impacto em 53 postos de trabalho, no âmbito do plano de reestruturação.

Francisca Fortuna, Nuno Castro - RTP

Segundo a empresa, “com a abertura de novos 14 postos de acesso, os CTT garantem que em todas as localizações” das 22 lojas que serão encerradas “a população mantém acesso ao atendimento dos CTT a um quilómetro ou menos da anterior localização”.

Dos 14 novos pontos de acesso- alguns dos quais já se conhece a localização – (Termas de São Vicente, Penafiel; Arco da Calheta, Madeira e Lavradio, Barreiro) – serão dados a conhecer à medida que os passos necessários para a sua abertura estejam concluídos.

“Este ajustamento da rede de Pontos de Acesso dos CTT em nada afeta a distribuição postal, realizada pelos carteiros dos CTT, que são uma rede totalmente autónoma da rede de atendimento”, realça a empresa.
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