Portugal tem segunda fatura de luz mais cara da Europa em função do poder de compra

por RTP
Só na Dinamarca se paga mais impostos do que em Portugal Reuters

Portugal paga a segunda eletricidade mais cara da Europa, em função do poder de compra. Quando se olha para a decomposição dos preços, percebe-se o peso da carga fiscal. Em Portugal, mais de metade do preço da eletricidade são impostos. Números que enquadram a discussão de uma eventual descida do imposto cobrado na eletricidade no Orçamento do Estado para 2019.

Não houve qualquer anúncio formal, mas este domingo o comentador Luís Marques Mendes adiantou, na SIC, que o próximo Orçamento vai trazer uma descida no IVA cobrado na eletricidade. “Só não se sabe se desce para seis ou para 13 por cento”, afirmou Marques Mendes. Sabe-se que há uma pressão dos parceiros da coligação Bloco de Esquerda e PCP para que haja uma redução do imposto.

A pressão é para reverter uma medida tomada quando o país estava sob a alçada da troika. No final de 2011, o IVA cobrado passa para os 23 por cento, a taxa mais alta cobrada no país.

Fazendo as contas ao que implica a fatura da eletricidade nas contas dos portugueses, percebe-se que, a nível europeu, Portugal pagou em julho a segunda fatura mais elevada, tendo em conta as paridades de poder de compra de cada país. As contas são feitas pela Energy-Control Austria, a autoridade reguladora da energia da Hungria e o instituto VaasaETT Global Energy. Só a República Checa teve uma fatura mais elevada.

Há duas semanas, o EUROSTAT colocava Portugal no terceiro lugar dos países com eletricidade e gás mais caros em 2017. Esta foi a primeira vez que o serviço de estatísticas europeu publicou os preços da eletricidade totalmente comparáveis entre países, calculando o preço médio ponderado. À comparação faltavam dados da Alemanha, Espanha, Itália e Chipre. 

Na Europa, apenas dois países com eletricidade mais cara: Bélgica e Dinamarca.


De acordo com o Eurostat, a carga fiscal em Portugal é a segunda mais pesada da Europa para consumidores domésticos (12 cêntimos em cada 23 cêntimos cobrados por quilowatt hora). Ou seja, 52 por cento é imposto. A energia representa 0,057 € e os custos de estrutura/rede são de 0,055 €.

Só na Dinamarca se paga mais impostos do que em Portugal.

A descida no valor pago pelo IVA teria impacto no bolso dos portugueses. Segundo a Deco, para um consumidor de eletricidade, estar no IVA a 23 por cento, comparativamente aos seis por cento, representa mais 80 euros por ano na eletricidade, de acordo com dados citados pelo Jornal de Notícias.

O especialista da Deco Vítor Machado adianta ao jornal que, “se o preço baixa, a propensão para o consumo aumenta. E os custos unitários da luz e gás natural baixam quando circula mais energia nas redes. A prova é que estamos agora com níveis de consumo equivalentes aos de 2006, fruto de uma quebra provocada pelo agravamento dos preços finais”.
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