Pós-Brexit. Sistema de imigração pode levar à exploração de trabalhadores no Reino Unido

por RTP
Reuters

O impedimento da entrada, no Reino Unido, de trabalhadores com poucas qualificações, pode conduzir cidadãos da União Europeia à escravatura. A possibilidade é levantada por instituições de caridade, após tomarem conhecimento das medidas previstas para o pós-Brexit.

“Não nos vamos enganar: alguém terá que fazer os trabalhos sujos e mal remunerados, da construção, ao processamento de alimentos e assistência social. De onde esses trabalhadores vão vir? ”, questionou Barbara Drozdowicz, diretora executiva do centro de Recursos da Europa Oriental.

As instituições alertam que os requisitos impostos à entrada de imigrantes nas fronteiras inglesas irão contribuir para um aumento de trabalhadores ilegais e mal remunerados no mercado negro.

O centro de Recursos da Europa Oriental teme que algumas empresas contratem pessoas sem documentos, caso a oferta de trabalhadores pouco qualificados seja sufocada pela política de imigração quando for consumada a saída do Reino Unido da União Europeia.

O sistema de imigração, criado por Boris Jonhson, irá funcionar através de um mecanismo de pontos. Um imigrante, para ter autorização de trabalho no país, terá que conseguir 70 pontos, que podem ser atingidos através das qualificações (por exemplo um doutoramento), do valor do salário, ou no caso de pretenderem trabalhar num setor que tem falta de mão-de-obra. A medida vem acompanhada de um aviso do Governo, de que não será facilitada a entrada de trabalhadores com poucas qualificações.

Emily Kenway, consultora senior de políticas da Focus on Labor Exploração salientou que a taxa de contratação dos trabalhadores sem documentação pode ser controlada, caso o “governo introduza uma maneira de as pessoas denunciarem a exploração sem o risco de serem deportadas”.

Várias entidades têm levantado críticas às leis de imigração, por considerarem as medidas dispensáveis, face a uma economia em que o emprego é quase total.

Entre todos os setores de atividade, a agricultura é aquela que mais poderá ser propícia à exploração de trabalhadores ilegais. Isto porque o trabalho de colheita de fruta e legumes são as atividades que, anualmente, dependem mais da mão-de-obra de cidadãos europeus.

Só no ano passado toneladas de colheitas foram deixadas a apodrecer devido à falta de trabalhadores agrícolas.
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