Prejuízos do Novo Banco agravam-se em 88,5%

por Carlos Santos Neves - RTP
No início do comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, surge uma mensagem do CEO do Novo Banco a sustentar que a instituição "continua a cumprir os seus objetivos" Pedro Nunes - Reuters

O Novo Banco acumulou, na primeira metade deste ano, um prejuízo de 400,1 milhões de euros, valor que traduz um agravamento de 88,5 por cento face ao mesmo período de 2018, revelou a instituição em comunicado remetido esta sexta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. O banco prevê pedir 541 milhões de euros adicionais ao Fundo de Resolução.

Na nota remetida à entidade reguladora, o banco que resultou do processo de resolução do antigo BES escreve que este resultado decorre de “uma perda de 513,5 milhões de euros na atividade legacy e de um ganho de 113,4 milhões de euros na atividade recorrente”.“A compensação do final do ano dependerá das perdas e custos, das recuperações e das exigências de capital em vigor à data”, lê-se no comunicado à CMVM.

No primeiro semestre do ano, o Novo Banco vendeu carteiras de crédito malparado, imóveis e a seguradora GNB Vida, “cujo impacto negativo ascendeu a 340 milhões de euros”.

Perante os números, a instituição presidida por António Ramalho calcula em 541 milhões de euros a verba adicional – “montante de compensação de capital” - a pedir ao Fundo de Resolução. Este valor só será contabilizado no próximo ano, ou seja, no fecho de contas de 2019.

O Novo Banco ressalva ter rácios de capital “protegidos em níveis predeterminados até aos montantes das perdas já verificadas nos ativos protegidos pelo Mecanismo de Capital Contingente”.

Recorde-se que o banco encaixou, em maio deste ano, uma injeção de capital do Fundo de Resolução na ordem dos 1149 milhões de euros, na sequência de prejuízos de 1.412,6 milhões em 2018. Oitocentos e cinquenta milhões de euros do montante injetado resultaram de um empréstimo do Tesouro ao Fundo de Resolução.

Em 2018, recebera uma injeção de 792 milhões do mesmo Fundo de Resolução, em consequência dos prejuízos do ano anterior.

Rui Alves Veloso, Marina Conceição, Luís Moreira - RTP

Ao abrigo do mecanismo de compensação definido no momento da alienação do Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star, em 2017, o sucessor do BES pode pedir, até 2026, 3890 milhões de euros.

No início do comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, surge uma mensagem do CEO do Novo Banco a sustentar que a instituição “continua a cumprir os seus objetivos, com um desempenho que reflete o aumento da margem financeira e o crescimento dos volumes de crédito, quer no segmento de retalho quer de empresas”.
Menos 103 trabalhadores
Outro dado que sobressai dos números agora divulgados é o que o Novo Banco descreve como uma “redução” de 103 trabalhadores no primeiro semestre deste ano, por comparação com o final de 2018.

“Os custos com pessoal totalizaram 133,4 milhões de euros (-0,3 por cento em termos homólogos), para o que contribuiu a redução, face a 31 de dezembro de 2018, de 103 colaboradores”, escreve o Novo Banco.

Em junho deste ano, o banco empregava 4993 pessoas e detinha 401 balcões – menos um do que no ano passado.

Foi em agosto de 2014 que desabou o Banco Espírito Santo, dando lugar, pela mão do Banco de Portugal, ao Novo Banco. Esta instituição é hoje detida em 75 por cento pelo Lone Star e em 25 por cento pelo Fundo de Resolução.

c/ Lusa
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