Redução do IRS. Oposição condena em uníssono medidas do Governo

por RTP
José Sena Goulão - Lusa

A oposição criticou em peso as medidas de redução do IRS anunciadas esta sexta-feira pelo primeiro-ministro, convergindo na ideia de que se traduzirá em poucos euros mensais, mas ainda não antecipando o sentido de voto. Pedro Nuno Santos disse não ver esperança nem ambição na proposta apresentada pelo primeiro-ministro para as alterações ao IRS.

“Vamos ter ainda de a analisar com mais detalhe, porque tudo aquilo que agora sairá deste Governo exige muito cuidado e muita cautela, para não sermos enganados”, declarou o secretário-geral do PS aos jornalistas.

Numa primeira avaliação, “dá para perceber que os ganhos que os portugueses vão ter com a proposta do PSD são ganhos residuais”, vincou Pedro Nuno Santos.

“Hoje percebe-se melhor porque é que o Governo da AD tentou criar o truque de incluir na sua medida os 1.300 milhões de euros do Partido Socialista: é porque, obviamente, a sua proposta não era de nenhum grande alívio fiscal”.

Segundo o líder socialista, “os ganhos maiores com esta proposta são para quem tem melhores rendimentos”.

“Aquilo que nós temos hoje é aquilo que o PS disse durante toda a campanha: a candidatura da AD não é credível, as propostas que a AD apresenta não são credíveis, os portugueses não vão ganhar quase nada com a proposta que hoje foi aprovada em Conselho de Ministros”, acrescentou.

Rui Rocha classificou como "anúncio dos quatro I(s)" as medidas avançadas por Luís Montenegro após a reunião de hoje do Conselho de Ministros.

Para Rui Rocha, o primeiro I é de "Incómodo" porque "a redução de impostos que foi vendida como um 'choque fiscal'", afinal não o é revela uma "ambição diminuta".

Por outro lado, Rui Rocha disse que a redução "é Insuficiente", porque traduz-se em ganhos de dois ou cinco euros por mês a cada contribuinte.

Outro I foi de injustiça, porque para o líder da IL "quem tem mais de 35 anos não vai ser abrangido por algumas medidas" e não deveria ser discriminado por isso.

Por último, Rui Rocha considerou ser uma proposta "Ilusória" porque dá a ideia de que há uma grande redução fiscal, que na realidade não acontece, mas deixou implícito que a IL não votará contra.

Mariana Mortágua disse, por sua vez, ser importante que as pessoas saibam que a “responsabilidade” das projeções da redução de IRS que vão ter no próximo ano “não é deste Governo”, mas sim do executivo de António Costa.

“O BE nem sequer votou a favor desse orçamento, mas justiça seja feita a quem fez essa reforma”, declarou.

"Tudo o que o Governo do PSD está a fazer é pôr 200 milhões em cima de 1.330 milhões" que já estão no orçamento em vigor, alegou a coordenadora bloquista, considerando que o executivo de Montenegro "tornou toda a reforma fiscal mais injusta e mais centrada nos escalões superiores", beneficiando os vencimentos mais elevados.

Mariana Mortágua não antecipou o sentido de voto do BE, até porque não tem a proposta, mas mostrou-se apreensiva com "a capacidade do Governo para explicar as suas intenções", repetindo que aquilo que hoje foi anunciado "é pouco mais que um embuste, uma farsa que foi criada para dar uma ideia que não corresponde à realidade".

Já a deputada do PCP Paula Santos acusou o Governo de ter mostrado "uma clara intenção de fugir a questão do problema do aumento dos salários", considerando que as medidas anunciadas não vão garantir mais justiça fiscal.

Daquilo que foi anunciado resulta "um aprofundamento da injustiça fiscal", porque incide sobre os rendimentos mais altos, acusou Paula Santos, sem abrir o jogo quanto ao voto do PCP, mas assegurando que o seu grupo parlamentar apresentará propostas para abrir o caminho que considerou ser o correto, do aumento dos salários.

Por parte do PAN, a porta-voz, Inês Sousa Real, considerou necessário "mais ambição na reforma fiscal", lembrando as medidas apresentadas pelo partido como a redução do IVA da alimentação das pessoas e dos animais de companhia.

"Os portugueses precisam não apenas de rever as taxas, mas é preciso que haja justiça fiscal atualizando os escalões à taxa de inflação", defendeu a dirigente do PAN, pedindo que "se vá ao IVA" e haja uma atualização dos escalões de salários e pensões de acordo com a inflação.

c/ Lusa
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