Reino Unido desafiado a duplicar investimento em África até 2027

por Lusa
UN

A Secretária executiva da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA), Vera Songwe, desafiou hoje o Reino Unido a duplicar o investimento em África nos próximos cinco anos, pressionando o primeiro-ministro, Boris Johnson, a apostar mais no continente. 

Na sessão de abertura da Conferência de Investimento do Reino Unido em África, a decorrer hoje pela Internet, a economista dos Camarões lamentou que o Investimento Direto Estrangeiro britânico em África "continue frustrantemente baixo", representando 3% do total do IDE em África desde 2009.

"Isto não é sustentável. E não contribui para um relacionamento forte do Reino Unido com a África", afirmou, defendendo que a Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA) representa uma oportunidade para duplicar o investimento britânico para 6% do total de IDE em África até 2027.

Songwe falou após Boris Johnson, que reivindicou que o Reino Unido já é "um dos maiores parceiros comerciais da África", com acordos de comércio assinados com a nove países e com a AfCFTA.

De cerca de 600 milhões de libras (720 milhões de euros) entre 2018-2019, o país investiu em 2020-2021 mais de 2.200 milhões de libras (2.640 milhões de euros), excedendo as metas, "apesar da turbulência sem precedentes causada pela pandemia", indicou o CDC Group, a instituição financeira do Governo britânico para o desenvolvimento. 

Entre os empreendimentos que apoiou estão projetos de energia renovável na África do Sul, Egito e Nigéria. 

O primeiro-ministro britânico defendeu que a "revolução industrial verde vai resgatar a humanidade das mudanças climáticas catastróficas" e que o país, anfitrião da cimeira climática COP26, quer ser o "parceiro de eleição" nesta área.

Mas Vera Songwe defende investimento em África para além das energias renováveis, como a farmacêutica, agricultura e processamento alimentar, transportes e gás natural. 

"África tem enormes, enormes reservas de gás. Esperamos não apenas grandes investimentos, mas pequenos investimentos que possam nos ajudar com a distribuição de energia. (...) Penso que aumentar esse tipo de investimentos no continente claramente nos fará passar de 3% para 6% muito rapidamente", afirmou. 

Esta é a segunda Conferência de Investimento do Reino Unido em África, organizada para "impulsionar a cooperação económica com as nações africanas e reforçar o papel como parceiro de investimento do continente para projetos mais ecológicos e amigos do clima".

Mais de 4.000 participantes, incluindo de Moçambique e Angola, registaram-se para assistir a uma série de painéis de discussão e aceder a oportunidades para contactos. 

A primeira Cimeira de Investimento Reino Unido em África decorreu em Londres em 2020, antes da pandemia covid-19, onde esteve presente o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.

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