No Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado esta sexta-feira, o Banco de Portugal aponta o cenário de incumprimento das empresas como um dos maiores riscos. As pressões inflacionistas estão na base desta perspetiva.
Relatório de Estabilidade Financeira. Incumprimento de empresas entre principais riscos
Entre os principais riscos para a estabilidade financeira, lê-se no relatório do supervisor da banca, figura o "aumento da probabilidade de incumprimento das empresas, refletindo o efeito conjunto da vulnerabilidade financeira de algumas empresas, da recuperação incompleta da atividade e da rendibilidade de alguns setores no pós-pandemia, bem como o enquadramento macroeconómico e financeiro atual".
O Banco de Portugal refere também "uma redução dos preços no mercado imobiliário residencial, decorrente de alterações nas condições de financiamento", e o risco de o "rácio de dívida das administrações públicas em percentagem do PIB não prosseguir a trajetória de redução prevista, derivado da incerteza sobre a atividade económica e do aumento dos custos de financiamento".
Já o agravamento das taxas de juro, nos próximos anos, deverá conduzir a uma "melhoria da margem financeira dos bancos e num aumento do reconhecimento de imparidades e de perdas potenciais decorrentes da desvalorização dos títulos de dívida a justo valor".Pandemia e guerra"Nos últimos meses, a economia europeia passou a estar sob o efeito simultâneo de dois choques exógenos sem precedentes e de abrangência internacional. A invasão da Ucrânia pela Federação Russa veio, em algumas dimensões, amplificar o impacto económico da pandemia", escreve a instituição liderada por Mário Centeno.
"Os efeitos nos mercados de energia e de matérias-primas e nas cadeias de abastecimento condicionaram a recuperação da atividade económica e agravaram as pressões inflacionistas", prossegue o Banco de Portugal.
"Além do aumento da incerteza, existe um risco ascendente nas projeções da inflação, devido à possibilidade de um conflito mais longo e a constrangimentos adicionais na oferta de energia".
c/ Lusa