Sindicato acusa Ryanair de substituir grevistas por trabalhadores de bases estrangeiras

por RTP
Rafael Marchante - Reuters

A presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNVPAC), Luciana Passo, afirmou hoje à entrada para uma reunião com o Governo que a Ryanair está a substituir os grevistas por trabalhadores de bases estrangeiras.

"A Ryanair levou ontem (terça-feira) aviões de bases portuguesas para fora, levou-os vazios, trouxe-os com tripulantes de outras bases estrangeiras, e hoje fez os voos como sendo da base Porto, Faro, Ponta Delgada, o que seja, para outro destino da Europa, operando normalmente, mas substituindo os tripulantes que fizeram greve mas não se apresentaram ao serviço", denunciou a sindicalista à entrada do Ministério das Infraestruturas e Habitação, em Lisboa, onde terá uma reunião com ministro Pedro Nuno Santos.

Os tripulantes da Ryanair começaram hoje uma greve de cinco dias, até domingo, convocada pelo SNPVAC e que conta com serviços mínimos decretados pelo Governo.

Luciana Passo referiu que se trata de uma operação "ilegal", já denunciada à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e à Direção-Geral do Emprego e Relações do Trabalho (DGERT).

A presidente do SNPVAC referiu que o sindicato iria "cumprir sempre os serviços mínimos", apesar de os considerar "excessivos".

"Substituir trabalhadores grevistas é outra coisa. É ilegal, e é aquilo que a Ryanair faz reiteradamente e que espera que nada lhe aconteça. Isso não se pode fazer", afirmou.

Luciana Passo reiterou que "os trabalhadores têm direito à greve", mas "todos os que a quiseram fazer nem sequer puderam".

"Imagine até que não queriam fazer greve e se queriam apresentar ao trabalho? Não podiam, já lá estavam tripulantes de outras bases. Isto tem que ser averiguado pelo Governo", mencionou.

Sobre a Reunião com o ministro Pedro Nuno Santos, a responsável disse que o sindicato irá dar nota "de todas as ilegalidades que a Ryanair tem cometido, vem cometendo e está a cometer ao dia de hoje, ao substituir os tripulantes em greve".

O sindicato quer saber qual a posição do Governo "em relação à aplicação da lei laboral portuguesa aos tripulantes da Ryanair e também o que vai acontecer à base de Faro".

Num comunicado do dia 01 de agosto, o SNPVAC adiantou que o pré-aviso de greve abrange todos os voos da Ryanair cujas horas de apresentação ocorram entre as 00:00 e as 23:59 dos dias previstos para a paralisação (tendo por referência as horas locais) e os serviços de assistência ou qualquer outra tarefa no solo.

Entretanto, tendo em conta que não houve acordo entre a Ryanair e o sindicato, o Governo decretou serviços mínimos a cumprir durante a paralisação, que abrangem não só os Açores e Madeira, mas também as cidades europeias de Berlim, Colónia, Londres e Paris.

O SNPVAC criticou esta decisão e "repudiou veementemente" os serviços mínimos e a fundamentação do Governo para os impor.
Apareceram "mais funcionários" do que o necessário

A Ryanair disse hoje que, no primeiro dia da greve dos tripulantes, apareceram "mais funcionários" do que o necessário "para o trabalho desta manhã" nos quatro aeroportos nacionais em que opera.

Em comunicado, a companhia aérea fez o balanço das primeiras horas da manhã da paralisação, convocada pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) a partir de hoje e que termina no domingo.

"A primeira onda de voos" que partiram de Portugal foi "dentro do cronograma" esta manhã, sendo que a Ryanair acredita "que não haverá quaisquer transtornos significativos" nos voos de/para Portugal hoje, lê-se na mesma nota.

"Gostaríamos de agradecer a toda a nossa tripulação de voo de Portugal que optou por trabalhar e garantir assim a viagem dos nossos clientes e das suas famílias", destacou ainda a companhia aérea.

A transportadora aérea fez também um apelo ao SNPVAC "para que cancele estas greves desnecessárias e regresse às negociações, uma vez que estas greves não são apoiadas pela vasta maioria dos tripulantes de voo da Ryanair de Portugal".

Numa pesquisa efetuada pela Lusa durante esta tarde no 'site' dos quatro aeroportos em que a Ryanair opera (Lisboa, Porto, Faro e Ponta Delgada) não havia registo de cancelamentos ou grandes atrasos.
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