Sindicatos de Castelo Branco exigem mais do que "juras de amor" ao interior

por Lusa

Cerca de 50 delegados e dirigentes sindicais concentraram-se hoje em Castelo Branco, onde decorre o Conselho de Ministros, para exigir ao Governo que cumpra as "juras de amor" que tem feito ao interior do país.

Numa concentração junto ao Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco, onde o Governo está reunido, a União dos Sindicatos de Castelo Branco (USCB) exigiu ao executivo mais do que promessas e "juras de amor", e entregou ao chefe de gabinete do primeiro-ministro um documento com propostas concretas para o desenvolvimento do distrito.

"Vamos ver se o doutor António Costa ao menos lê alguma coisa, porque aquilo que lá está escrito é aquilo que a União dos Sindicatos acha que o desenvolvimento do interior deveria ser", afirmou à agência Lusa o coordenador do USCB, Sérgio Santos, que salienta que o Governo não pode apenas ir àquele território "fazer juras de amor".

Segundo Sérgio Santos, o Governo e outros partidos "fazem juras de amor ao interior, em tempos de eleições", mas quando as eleições "acabam o interior desaparece".

"Dá a impressão de que o amor que tinham não é assim tão grande. Estamos cá para lembrar que fizeram juras de amor, que devem ao interior e apresentámos propostas", vincou.

Para o dirigente sindical, se o Governo tivesse "boa vontade de melhorar as condições de vida" das populações do interior já teria anunciado "há muito tempo" medidas importantes para aquele território.

Sérgio Santos elencou questões como a abolição das portagens na A23, A24 e A25, dinamização da ferrovia, com ligações regulares entre Castelo Branco e Guarda, e a melhoria das condições dos trabalhadores.

Através do documento entregue ao Governo, o sindicato realçou que todos os 11 concelhos do distrito perderam população, com Penamacor a ser o município com a maior queda registada nos últimos dez anos (16%).

"Esta perda de população deve-se ao crescente êxodo das camadas mais jovens para as grandes cidades do litoral e/ou para o estrangeiro, fatores que, conjugados, têm provocado um crescente envelhecimento da população, um despovoamento contínuo e imparável e uma acentuada desertificação", sustentou a USCB.

No documento a que a agência Lusa teve acesso, a USCB defendeu, entre outras medidas, a revitalização do aparelho produtivo e diversificação das atividades económicas no distrito, o reforço da oferta de serviços públicos, em particular na saúde, educação e segurança social, dotar o distrito de uma rede de transportes públicos de passageiros, reforçar o `cluster` da saúde da Beira Interior, fim das portagens e construção de ligações de Idanha-a-Nova e Penamacor à A23, construção do IC31 e IC6, transformação de habitações devolutas em habitação social ou de renda controlada e a concretização da regionalização com a criação de regiões administrativas dotadas de autonomia, competências e meios.

O Conselho de Ministros descentralizado decorre em Castelo Branco, no âmbito do "Governo Mais Próximo", que decorre até hoje, com os vários membros do Governo a participarem em diversas iniciativas naquele distrito do interior do país.

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