Os preços do gás estão a aumentar devido a uma forte procura de Gás Natural Liquefeito pelos países asiáticos, baixas reservas europeias e aumento dos preços do carbono. É expectável que esses fatores mantenham os preços altos do gás durante o Inverno de 2021-2022, quando a necessidade é maior. Esperam-se prejuízos colaterais para os consumidores devido ao impacto do preços da energia, tanto na indústria em geral, como em particular, na alimentar.
A Europa está a entrar na temporada de inverno com armazenamento de 70-75 por cento de capacidade total, indicador de que está abaixo da média dos últimos cinco anos.
Soma-se a imprevisibilidade sobre o fornecimento da Rússia.
O gasoduto Nord Stream 2 ainda está em construção e fará a ligação entre Ust-Luga, na Rússia, a Greifswald, na Alemanha. Transportará 55 mil milhões de metros cúbicos de gás por ano.
O percurso de 1200 quilómetros deste segundo gasoduto acompanha o já concluído sistema Nord Stream 1. Os dois juntos fornecerão um total de 110 mil milhões de metros cúbicos de gás para a Alemanha por ano.
Entretanto, a empresa norueguesa Equinor recebeu permissão para aumentar a produção de gás em dois campos na plataforma continental no Mar do Norte para abastecer o deficitário mercado europeu.
As licenças de produção para os campos de Oseberg e Troll foram aumentadas cada uma em mil milhões de metros cúbicos para o ano de gás que começa em 1º de outubro.
Ole Jørgen Bratland / Equinor ASA
A Noruega não pertence à UE mas é o maior fornecedor de gás natural da Europa, a seguir da Gazprom, da Rússia.
Por toda a Europa, os governos estão a procurar atenuar as acentuadas contas de energia das populações. A crise dos preços revelou a dificuldade no financiamento da mudança para as energias renováveis.
Em Espanha
O custo da eletricidade registou um aumento em 35% no último ano. Só em agosto subiu quase 8%.
O custo da eletricidade registou um aumento em 35% no último ano. Só em agosto subiu quase 8%.
"Eu pagava cerca de 40 euros por mês e agora estou a pagar 60", disse Amparo Vega, proprietária de um quiosque de jornais no centro de Madrid, à BBC. "Agora tentamos usar eletrodomésticos nas horas do dia em que é mais barato. Apagamos as luzes e tentamos aproveitar ao máximo a luz do dia", acrescentou.
O governo de Pedro Sánchez adotou várias medidas para reduzir as contas de electicidade, que estimam chegar aos 20% . Abrangem cortes de impostos e uma redução temporária nos lucros extraordinários obtidos por empresas de energia. Os fornecedores de energia renovável ficarão isentos.
Em Itália
"As minhas contas de energia aumentaram cerca de 15%, mas ouvi dizer que aumentarão cerca de 40% nos próximos meses. Isso mudará o comportamento das famílias italianas: teremos que calcular melhor as nossas despesas mensais para economizar nas contas" declarou Michele Fiorita, proprietário de uma loja em Roma.
Em Itália
"As minhas contas de energia aumentaram cerca de 15%, mas ouvi dizer que aumentarão cerca de 40% nos próximos meses. Isso mudará o comportamento das famílias italianas: teremos que calcular melhor as nossas despesas mensais para economizar nas contas" declarou Michele Fiorita, proprietário de uma loja em Roma.
Em Itália, cerca de 40 por cento da energia é gás natural. Metade é fornecida pela Rússia.
O impacto da redução do fornecimento russo e o aumento no preço das matérias primas energéticas estão atingir Itália fortemente.
O primeiro-ministro Mario Draghi disse que nos próximos três meses os "custos do sistema" serão eliminados das contas de gás e eletricidade e transformados em tarifas para ajudar a financiar a transição para a energia renovável.
O governo italiano diz já ter gasto 1,2 mil milhões de euros para atenuar o aumento dos preços às casas particulares e prometeu a soma de mais três mil milhões para ajudar durante o Inverno.
Michele Fiorita é da opinião de que a Itália precisará diversificar suas fontes de energia, para se afastar da dependência do gás. O caminho está na mudança para energia verde e sublinha que "Esse é certamente o futuro. É a única maneira de reduzir custos a longo prazo."
Na Polónia
O regulador de energia polaco já aprovou três aumentos de preços este ano. O impactos nas contas acentuou-se 20 por cento.
Na Polónia
O regulador de energia polaco já aprovou três aumentos de preços este ano. O impactos nas contas acentuou-se 20 por cento.
Segundo a análise feita pela BBC, o gás produzido é solo polaco é mais barato e fornece as residências. A política energética está regulamentada para proteger as famílias de alterações bruscas nos preços.
Já na indústria, o gás utilizado é importado e mais caro. Mas o carvão continua a ser o principal combustível a operar como motor da economia. A Polónia foi condenada a pagar uma multa por não desativar alguns centros produtivos e por isso está a dar passos para alterar as fontes de energia.
O governo vê o gás natural como combustível intermediário durante o processo de fecho das antigas centrais termoelectricas. Tem o foco no gás proveniente dos Estados Unidos e Noruega para diminuir a dependência do fornecimento russo.
Em Bruxelas
A crise energética está a colocar em causa os planos das políticas climáticas da UE. No entanto, os defensores de uma transição para uma economia mais verde argumentam que quanto mais rápido for a mudança, mais rápido os Estados membros podem escapar desse tipo de volatilidade.