TAP. Aprovado pré-aviso de greve dos tripulantes de cabine para 8 e 9 de dezembro

por RTP
Lusa (arquivo)

O Sindicato Nacional Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) entregou esta quinta-feira um pré-aviso para os dias 8 e 9 de dezembro.

Os tripulantes de cabine da TAP aprovaram esta tarde um pré-aviso de greve para o início de dezembro, em resposta à proposta do novo acordo de empresa apresentado pela transportadora. A assembleia desta quinta-feira contou com cerca de 500 tripulantes, sendo que muitos votaram por procuração.

Os tripulantes exigem a reposição dos salários e das regalias que perderam com a reestruturação da empresa.
A decisão dos trabalhadores da companhia aérea nacional é anunciada um dia depois de a presidente do Conselho de Administração da TAP ter afirmado que uma greve nesta altura seria um desastre para a empresa.

Estas declarações foram proferidas na apresentação dos resultados do terceiro trimestre, resultados esses que revelaram lucros de 111 milhões de euros entre julho e setembro.

Sobre a TAP, também o ministro Pedro Nuno Santos afirmou, após o Conselho de Ministros desta quinta-feira, que a privatização da companhia sempre esteve “em cima da mesa”, não sendo “nenhuma novidade”, recusando adiantar prazos para o início do processo, porque tal “não é bom”.

Pedro Nuno Santos disse entender que uma greve colocaria em causa os bons resultados que a companhia apresentou no terceiro trimestre deste ano. O ministro das Infraestruturas considera que seria "o pior que podia acontecer" neste momento.

Esta quinta-feira, em declarações à RTP, Ricardo Penarróias, presidente do Sindicato Nacional Pessoal de Voo da Aviação Civil assinalou que os tripulantes se sentem marginalizados no contexto do plano de reestruturação e exigem compensações pelos sacrifícios dos últimos dois anos.
Lucros "à custa dos tripulantes"
Em resposta aos apelos do ministro das Infraestruturas e da CEO da TAP, o responsável sublinhou que "não há um momento perfeito para uma greve".

Lembrou ainda que "não foram os tripulantes de cabine que provocaram essa greve", mas sim "os vários atropelos que a empresa tem feito"

"Não podemos aceitar como base de negociação um acordo de empresa que transforme um tripulante da TAP num tripulante da Ryanair, há mínimos"
, assinalou Ricardo Penarróias.
O responsável vincou também que os bons resultados surgem "à custa dos tripulantes de cabine". Os lucros apresentados "para fora, para possíveis compradores" são do conhecimento dos tripulantes de cabine, alguns dos quais que vivem em grandes dificuldades, assinala o presidente do SNPVAC.

Em resposta ao ministro das Infraestruturas, que apelou à valorização do esforço que os portugueses fizeram na injeção de capital na empresa, o sindicato dos tripulantes reconhece que essa ajuda "foi essencial", mas que a TAP "esqueceu que também os trabalhadores tiveram um impacto importante na recuperação de empresa e esses não estão a ser recompensados".

"Agradecemos o papel do ministro e tutela para salvar empresa, mas isso não dá direito à empresa de manter estas condições", assinalou.

De acordo com o dirigente, o atual Acordo de Emergência "já não serve nem para a TAP nem para os trabalhadores" e que a empresa conhece as exigências dos tripulantes. As exigências em causa "não são lunáticas" e a TAP "não vai ser apanhada de surpresa", já que foi avisada que a situação "estava insustentável". 
"Sistemáticos atropelos"
Num comunicado aos associados, a que a agência Lusa teve acesso no dia 23 de outubro, a direção do SNPVAC informou que pediu uma assembleia geral para "debater o atual momento da empresa e apresentar as conclusões retiradas pela direção sobre a proposta de AE [Acordo de Empresa] enviada pela TAP, além de deliberar eventuais medidas a tomar - não descartando o recurso à greve".

O sindicato dos tripulantes justificava o pedido de convocatória com os "sistemáticos atropelos" ao Acordo de Empresa em vigor e ao Acordo Temporário de Emergência.

O documento apontava ainda para a "falta de respeito que a TAP tem vindo a ter perante os tripulantes" e as "mais do que questionáveis decisões de gestão que acabam por ter um impacto direto e indireto" na vida destes trabalhadores. Situação que "culminou mais recentemente com a denúncia do Acordo de Empresa em vigor, acompanhado de uma proposta de AE inenarrável", acrescenta.

(com agência Lusa)
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