TAP. Check-in para a nacionalização? Voo cancelado

por RTP
TAP volta a passar por dias atribulados Reuters

Um acordo de princípio alcançado durante a madrugada terá evitado o cenário de nacionalização da TAP. As negociações entre o Governo e David Neeleman avançaram. O também dono da companhia aérea Azul terá concordado em abdicar do direito de converter em capital da TAP um empréstimo feito há quatro anos de 90 milhões de euros. Era uma exigência do Governo.

As últimas informações indicam que faltarão apenas alguns pormenores para o anúncio formal.

O principio de acordo terá sido atingido após longas negociações que se prolongaram noite dentro. De acordo com o jornal ECO, David Neelman, que controla também a companhia aérea Azul, abdicou da exigência que tinha feito ao Governo de converter 90 milhões de euros de empréstimo à TAP em capital social.

O voo que está agora em rota passa pelo Estado ficar com 70 por cento da Transportadora Aérea Portuguesa. Humberto Pedrosa com 25 por cento e os trabalhadores mantêm os 5 por cento.
Assim que as negociações estiverem concluídas, o Estado, tal como anunciado, irá fazer chegar à TAP os 1.200 milhões de euros de ajuda pública para salvar a companhia de bandeira portuguesa.

Até ao momento o Ministério das Infraestruturas não esclareceu em que ponto estão as negociações. Mas o anúncio do resultado das negociações deve acontecer ainda hoje, após a habitual reunião do Conselho de Ministros.

Já em entrevista ao Jornal 2, da RTP, o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, sublinhava a importância de um acordo com os acionistas privados.
"São negociações muito intensas mas de forma alguma o Estado abdicará das suas responsabilidades", disse. "É evidente que um acordo seria o cenário desejável na medida que o investimento privado é muito relevante, muito importante e deve ser naturalmente acarinhado na medida em que valoriza e potencia recursos estratégicos nacionais".

Disse ainda José Luis Carneiro que o "cenário do acordo era sempre o cenário desejável".

Também o primeiro-ministro António Costa tinha dito, ao início da tarde desta quarta-feira, que esperava para muito breve uma solução para a empresa.

"Estou certo de que, se não hoje (quarta-feira), no limite, nos próximos dias, teremos uma solução final. Mas, se tivesse de apostar, eu diria que hoje será o dia da solução para a TAP, e espero que negociada e por acordo com os nossos sócios privados, e não propriamente com um ato de imposição do Estado", disse. "Se for necessário, cá estaremos para isso. Espero que não seja necessário".

Ou seja, António Costa já deixava a indicação de que a rota das negociações não apontava para a nacionalização, com a perspetiva de uma aterragem atribulada mas conseguida para um acordo com os acionistas da empresa.
O primeiro-ministro disse ainda que "a TAP está seguramente a caminho de ter uma solução estável que assegure a Portugal manter a sua companhia", o que considerou fundamental para a continuidade territorial e o desenvolvimento económico do país e a sua ligação ao mundo.
E depois da injeção de capital?

Olhando para o futuro, o comentador de economia da Antena 1, Nicolau Santos, diz que uma vez concretizado este acordo, que afasta o cenário de nacionalização, o Estado terá um aumento substancial de responsabilidade na empresa.

Diz ainda Nicolau Santos que após a injeção de 1.200 milhões de euros pelo Estado a TAP terá que ser reestruturada. 

Alertou também para o facto de que as contas públicas ficarão mais expostas a eventuais impactos financeiros da transportadora aérea.
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