Total em "contacto permanente" com autoridades após ataque próximo de megaprojetos

por Lusa
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A petrolífera Total disse hoje à Lusa que mantém "contacto permanente" com as autoridades moçambicanas e acompanha a situação de segurança em Cabo Delgado, reagindo após novo ataque próximo do megaprojeto que lidera para exploração de gás na província.

"A Total mantém contacto permanente com as autoridades moçambicanas sobre o assunto", referiu a companhia numa nota enviada à Lusa.

Em causa estão dois ataques de rebeldes armados ocorridos por volta das 05:00 (03:00 em Lisboa) de hoje, visando a sede do Posto Administrativo de Olumbi e o povoado de Monjane, este último a menos de 10 quilómetros das obras de construção dos megaprojetos de gás liderado pela Total.

Na nota de reação, a multinacional, sem esclarecer se há atividades interrompidas em função do ataque, reforçou o seu compromisso com a segurança da força laboral, garantindo que está a "acompanhar de perto a situação em Cabo Delgado".

"A segurança da força de trabalho e das atividades do projeto Mozambique LNG é a nossa prioridade absoluta", frisou a companhia.

Durante a incursão dos rebeldes, pelo menos em Monjane, houve fortes confrontações com as Forças de Defesa e Segurança, que permanecem em elevado número na região, referiu um residente de Palma, vila costeira, sede de distrito, adjacente ao megaprojeto.

Em função do ataque, o acesso à região esteve condicionado e as Forças de Defesa e Segurança permanecem na região, tendo o grupo rebelde recuado, acrescentou.

Um funcionário de uma empresa subcontratada pela Total que está em Afungi disse à Lusa que os trabalhadores foram orientados a não abandonarem o recinto onde vivem.

Esta é a segunda incursão próxima aos megaprojetos de gás neste mês, após um primeiro ataque que ocorreu em 07 de dezembro na aldeia de Mute, a menos de 25 quilómetros da área onde está a ser construída a zona industrial de processamento de gás natural da Área 1 da bacia do Rovuma.

O projeto , liderado pela Total, é o maior investimento privado em África, da ordem dos 20 mil milhões de euros.

Os novos ataques de hoje ocorrem um dia depois de o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pedir às Forças de Defesa e Segurança "máxima prontidão" face ao "silêncio do inimigo", após operações com "bons resultados" por parte das forças governamentais em Macomia, outro distrito de Cabo Delgado que tem sido afetado com frequência pelas incursões dos rebeldes.

Das operações em Macomia, segundo dados oficiais, pelo menos 37 insurgentes foram abatidos e 27 armas foram apreendidas, em operações levadas a cabo pelo 7.º batalhão das Forças de Defesa e Segurança posicionado na região.

A violência armada em Cabo Delgado começou há três anos e está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil deslocados, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.

Algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo `jihadista` Estado Islâmico desde 2019.

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