Trabalhadores do grupo Águas de Portugal dizem que falta de funcionários pode comprometer serviço público

por Lusa

Lisboa, 20 fev (Lusa) -- As comissões de trabalhadores do grupo Águas de Portugal (AdP) consideraram hoje que a falta de funcionários e a precariedade laboral vivida nas empresas do universo AdP podem comprometer o serviço público prestado por aquelas.

"Na lógica de gestão economicista, tem vindo a degradar-se a qualidade de serviço. Existe a falta de renovação do quadro de trabalhadores. Nos últimos 20 anos, perdeu-se 50% dos efetivos. A falta de trabalhadores põe em causa o serviço público de qualidade", disse o representante da comissão de trabalhadores da EPAL, José Martins, durante uma audição parlamentar na Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação.

A posição daquele representante dos trabalhadores foi partilhada por Rui Pato da Comissão Intersindical EPAL Vale do Tejo.

"A maior estação de tratamento de águas do país tem apenas um trabalhador a fazer a manutenção [...]. Neste momento existem também 15 trabalhadores subcontratados. Os acidentes de trabalho verificados devem-se também à falta de formação dos trabalhadores", exemplificou.

Já o representante da Comissão Sindical Simar Sul, Bruno Ferreira, notou que as carreiras estão congeladas desde 2009, sublinhado também que o serviço público pode estar em causa se não entrarem novos trabalhadores para as diversas áreas profissionais do grupo.

Durante a ronda de intervenções, a deputada Paula Santos, em representação do PCP, responsável pela elaboração do requerimento que deu origem à audição na Assembleia da República, destacou o clima "de profundas desigualdades" vivenciadas pelos trabalhadores das empresas do grupo AdP, no que toca, por exemplo, à atribuição de subsídios de turno, refeição e transporte.

Por sua vez, o deputado do PSD Manuel Frexes, considerou que os assuntos em causa "devem ser debatidos e resolvidos" dentro da esfera jurídica das entidades visadas, vincando que as empresas do grupo, na sua maioria, não são detidas na totalidade pelo Estado.

Esta visão foi igualmente defendida pelo deputado do CDS Álvaro Castelo Branco.

"Quando [as entidades] vêm à Assembleia têm a ideia de que nós vamos resolver todas as questões, mas nós não temos competências para solucionar as questões de conflito do grupo", disse.

A deputada do PS Eurídice Pereira referiu que a temática em causa deveria ser discutida pela comissão do Trabalho e não pela do Ambiente.

Por seu turno, Jorge Costa do BE destacou que o grupo AdP tem suprimido a falta de trabalhadores com recurso à contratação "precária e temporária".

Em resposta aos deputados, António Maurício, da comissão de trabalhadores das Águas do Tejo Atlântico, disse que o regime de prestação de serviços permite que a empresa continue a recorrer à precariedade, enquanto Paulo Silva, da Comissão Sindical Águas Centro Litoral, notou dificuldade em estabelecer diálogo com o grupo, em prol da defesa dos trabalhadores.

Tópicos
pub