Trump aplica taxas a importações de aço e alumínio e a bolsa treme

por Carlos Santos Neves - RTP
Trump esteve reunido com elementos da US Steel Corp. Arcelor Mittal, Nucor, JW Aluminium e Century Aluminum, entre outras empresas Kevin Lamarque - Reuters

Donald Trump confimou esta quinta-feira a intenção de impor taxas às importações de aço e alumínio, uma forma, argumentou, de a Casa Branca sair em apoio dos produtores dos Estados Unidos e fomentar a criação de postos de trabalho. Conhecidos os planos do Presidente norte-americano, a bolsa de Nova Iorque entrou em modo de mergulho.

Taxas de 25 por cento sobre as importações de aço e de dez por cento para o alumínio. A vigorarem “por um longo período”. Foi este, em suma, o teor do anúncio saído da Casa Branca, na sequência de uma reunião com gestores de metalúrgicas norte-americanas.Trump esteve reunido com elementos da US Steel Corp. Arcelor Mittal, Nucor, JW Aluminium e Century Aluminum, entre outras empresas.


No entender do Presidente dos Estados Unidos, “o que tem acontecido nas últimas décadas é vergonhoso”. Trump propõe-se agora blindar os produtores do seu país “pela primeira vez em muitos anos”.

Uma vez mais, foi para a rede social Twitter que Donald Trump verteu o seu pensamento, agora para voltar agitar a bandeira – resgatada à campanha presidencial de 2016 - do que descreveu como indústrias norte-americanas “dizimadas por décadas de comércio injusto e maus acordos com países de todo o mundo”.


Na mira da Administração Trump está sobretudo a produção da China, cujo volume deu lugar à quebra dos preços e que o Departamento do Comércio dos Estados Unidos não hesita em classificar como uma ameaça para a segurança nacional.

Os críticos da política comercial do 45.º Presidente lançam luz sobre o duplo risco de retaliações externas e de uma subida de preços que acabará por afetar o tecido empresarial cuja produção tenha por base o aço ou o alumínio. É o caso dos fabricantes de automóveis.

É ao abrigo de legislação dos anos de 1960 – o Trade Expansion Act – que o Presidente norte-americano pode erguer barreiras tarifárias às importações, caso o pendor da balança de trocas seja considerado uma ameaça à segurança nacional. Foi precisamente isto que Willbur Ross, o secretário norte-americano do Comércio, declarou no último mês.
“Ninguém vence”

O anúncio do Presidente tombou como uma granada sobre Wall Street. Uma vez lançada a notícia, o índice Dow Jones sofreu uma quebra de mais de 500 pontos. A inquietação com o cenário de retaliação por parte da China, ou de outros parceiros comerciais dos Estados Unidos, espalhou-se como um vírus pela bolsa de Nova Iorque.

Em declarações à cadeia televisiva CNN, Art Hogan, estratega-chefe do banco de investimento B. Riley FBR, foi perentório: “Este é o primeiro tiro de arco para uma guerra comercial. E ninguém vence uma guerra comercial”.

Só mesmo a US Steel Corp., a AK Steel, a Century Aliminum e a Alcoa, outra produtora de alumínio, puderam colher frutos do anúncio talhado na Sala Oval – os títulos destas empresas apresentaram valorizações entre os dois e os 11 por cento.

Pouco depois das 19h00 (14h00 em Nova Iorque), o Dow Jones perdia 516,78 pontos, numa desvalorização de 2,06 por cento, o tecnológico Nasdaq caía 1,88 por cento e o índice S&P 500 recuava 1,75 por cento.

c/ agências
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