A Comissão Europeia aplicou esta terça-feira uma multa de 2,42 mil milhões de euros à Google por abuso de posição dominante. Bruxelas considera que o gigante norte-americano favoreceu o sistema de comparação de preços “Google Shopping” nas buscas feitas na internet. É a multa mais elevada alguma vez aplicada pela Comissão Europeia.
O executivo comunitário assinala que esta é uma prática que vai contra as regras de concorrência europeias. “Impediu as outras empresas de concorrer com base nos seus méritos e de inovar”, assinala Margrethe Vestager.
Bruxelas aponta ainda que a prática do Google “impediu os consumidores europeus de beneficiarem de uma verdadeira escolha de serviços e beneficiar plenamente da inovação”.
Google Shopping
Em causa está o facto de, quando se pesquisa um produto no Google, o motor de busca apresentar diretamente os seus preços, utilizando o seu comparador de preços Google Shopping.
A Comissão Europeia assinala que os serviços dos restantes comparadores de preço não aparecem destacados, limitando-se a aparecer como simples resultados de pesquisa, em posições inferiores.
“Está provado que mesmo o serviço concorrente com melhor classificação só aparece, em média, na quarta página de resultados de pesquisa da Google e outros aparecem em posição de ainda menor visibilidade”, assinala Bruxelas.
A Direção-Geral da Concorrência menciona ainda que, desde o início desta prática, o serviço de comparação de preços do Google cresceu fortemente, tendo acontecido o oposto com a concorrência.
Processo começou em 2010
A decisão pretende ser o último passo numa investigação que teve início há quase sete anos. O inquérito teve início com a apresentação de queixas por parte de concorrentes da Google como o TripAdvisor.
Em 2015, o processo deu lugar à acusação do executivo comunitário, ficando aberta a porta a uma multa que poderia chegar a dez por cento das receitas anuais da empresa. A Comissão Europeia explica agora que chegou ao valor de 2,42 mil milhões de euros com base nas receitas conseguidas pelo Google com o seu comparador de preços nos 13 países europeus em que existe.
Em comunicado enviado às redações, a Google discorda das conclusões da Comissão Europeia e diz estar a considerar um recurso. “Vamos analisar detalhadamente a decisão da Comissão Europeia ao mesmo tempo que consideramos um recurso e apresentar a nossa argumentação”, refere o vice-presidente da empresa Kent Walker.
"Quando faz compras on-line, deseja encontrar os produtos que procura de uma forma rápida e fácil. E os anunciantes querem promover esses mesmos produtos. É por isso que o Google mostra anúncios de shopping, ligando os nossos utilizadores a milhares de anunciantes, grandes e pequenos, de formas que são úteis para ambos”, justifica a empresa.