Voo direto da Cabo Verde Airlines da Praia para Lisboa termina cinco meses depois

por Lusa

A transportadora aérea Cabo Verde Airlines (CVA) terminou com o voo direto entre Praia e Lisboa, cinco meses depois do lançamento, decisão que a companhia justifica com o objetivo de dinamizar o `hub` na ilha do Sal.

A companhia anunciou anteriormente o reforço das ligações a Lisboa, a partir da Praia, com início em 30 de agosto de 2019, data da entrada ao serviço de um Boeing 737-300, além dos voos regulares que já garantia para a capital portuguesa a partir da ilha do Sal.

Contudo, conforme esclarecimento pedido pela Lusa à CVA, companhia desde março de 2019 liderada por investidores islandeses, na sequência da privatização de 51% do capital social da Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), esta ligação regular foi terminada no mês passado.

"Os voos Praia - Lisboa deixaram de ser diretos desde o dia 04 de fevereiro, passando a ser apenas via Sal", explicou, numa declaração à Lusa, Raul Andrade, vice-presidente da companhia para a área comercial e de marketing.

"A razão é estratégica para dinamização do `hub` do Sal como o centro principal das operações da CVA", acrescentou.

Assim, de acordo com a companhia, os voos da capital cabo-verdiana para Lisboa regressaram ao modelo anterior a 30 de agosto de 2019: "Os clientes têm de comprar bilhetes Praia-Sal e Sal-Lisboa e vice-versa".

A companhia aérea portuguesa TAP volta assim a ser a única a ter voos regulares diretos entre as duas capitais.

Sobre a possibilidade de um voo direto para o Porto, a partir da ilha do Sal, que a companhia disse em dezembro estar a equacionar, Raul Andrade admitiu apenas que "ainda está em análise".

A CVA também suspendeu, por tempo indefinido, desde 1 de março, os voos da rota entre a ilha do Sal e Salvador da Bahia, no Brasil, reestruturação justificada então com os novos destinos da companhia.

Entretanto, a companhia foi afetada pela decisão do Governo cabo-verdiano de suspender, durante pelo menos três semanas, até 20 de março, os voos de Itália, devido ao alastrar do surto de Covid-19 naquele país europeu, deixando por isso de voar para Milão e Roma.

Na quarta-feira, no parlamento, o ministro dos Transportes e do Turismo, Carlos Santos, anunciou que a CVA, que ainda é participada pelo Estado, transportou 295 mil passageiros em 2019, um aumento de 95% face ao ano anterior.

O governante justificou, assim, a "aposta acertada" da venda de 51% da TACV a investidores islandeses liderados pela Icelandair, ao ser interpelado pela oposição sobre os transportes aéreos e marítimos no país.

"De uma empresa fortemente endividada (TACV) - 100 milhões de euros - e em quase falência, conseguiu-se criar uma nova empresa que hoje carrega o nome de Cabo Verde para os quatro cantos do mundo. Evitou-se um descalabro financeiro estimado em cerca de 180 milhões de euros, potenciou-se um mercado de aviação disponível", afirmou o ministro.

A empresa registou um aumento de 48% de 2018 para 2019 no volume de vendas, acrescentou o ministro, recordando que a atual companhia aumentou o número de aviões em Cabo Verde e das conexões - no âmbito da criação do `hub` aéreo na ilha do Sal -, voando para "11 cidades em três continentes".

O grupo Icelandair, que lidera a CVA, anunciou a que a companhia aérea cabo-verdiana deverá apresentar resultados positivos em 2021, mas necessita de contrair um financiamento de longo prazo.

A informação consta do relatório com as demonstrações financeiras consolidadas do exercício de 2019, do grupo aéreo islandês que através da sua participada Loftleidir Icelandic EHF controla, desde 1 de março do ano passado, diretamente, 36% da CVA.

A Icelandair refere que de acordo com o plano de negócios da CVA, são esperados prejuízos "nos primeiros dois anos após a aquisição" e lucros em 2021. Ainda assim, e sem quantificar, o documento também aponta que os resultados operacionais da CVA no último trimestre de 2019 "ficaram abaixo das expectativas".

"A CVA está à procura de financiamento de longo prazo. Se o financiamento de longo prazo não for garantido, isso poderá afetar negativamente a operação", lê-se no relatório do grupo Icelandair, de 7 de fevereiro.

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