Uma vitória sobre o establishment, escreveu-se logo após a confirmação de Donald Trump como presidente-eleito dos Estados Unidos. Um argumento cavalgado pelos movimentos populistas e pela extrema-direita que o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schaeuble, lê como a tradução prática da incapacidade da velha política de fazer frente ao populismo e impor o debate sério nos novos fóruns de discussão que se abrem com as redes sociais.
“Populismo demagógico não é um problema só dos EUA. O debate político também é motivo de preocupação noutras partes do Ocidente”, escreve Schäuble, instando as elites tradicionais a aprenderem a lição.
Countries which will suffer after Trump's victory #TrumpPresident pic.twitter.com/uiCxsE0ikd
— Film Feed (@FiImFeed) November 9, 2016
O braço-direito da chanceler Angela Merkel deixa uma espécie de lamento sobre o estado a que chegou a própria reputação das lideranças tanto na política como nos negócios e, em geral, na sociedade, para advertir essas pontes de comando das consequências que poderão vir aí após a eleição de Trump nesta terça-feira.
Quanto às causas desta onda populista que ameaça também a Europa, o chefe das finanças alemãs não tem dúvida em apontar a incapacidade das elites de passarem uma boa imagem em processos de decisão quase incompreensíveis: “Quando o assunto é política, economia e sociedade, as elites nem sempre passam uma boa imagem”.
A emergência de novos fóruns de discussão, sem balizas de argumentação, é outro dos pontos focados por Wolfgang Schäuble quando se refere ao poder da Internet na formação da opinião. Na rede “pouco importa se afirmações são verdadeiras, o importante é o grau de revolta”.
Em conclusão, como remédio, o ministro alemão lembra que “todos precisam de estar dispostos a aprender e que se estivermos abertos à mudança e reflexão o populismo demagógico terá tempos difíceis pela frente”.