Opiniões divergentes do otimismo salientam "pistola apontada à cabeça"

por Lusa

Madrid, 13 jul (Lusa) -- Várias opiniões contrastantes com o alívio expresso após o acordo europeu sobre a Grécia foram divulgadas hoje, considerando que o chefe do governo grego, Alexis Tsipras, esteve nas negociações com "uma pistola apontada à cabeça".

"O que se está a procurar fazer na Grécia é um golpe de Estado financeiro, transformá-lo (ao país) num protetorado financeiro", afirmou o antigo eurodeputado espanhol Pablo Echenique, atual eleito regional pelo partido Podemos, um dos aliados do Syriza, o partido de Tsipras.

"O objetivo é derrubar um governo saído das urnas", afirmou o número dois deste partido, Inigo Errejon, que evocou "um golpe de Estado financeiro".

Em França, Jean-Luc Mélenchon, cofundador do Partido de Esquerda e próximo de Tsipras e do chefe do Podemos, Pablo Iglesias, retomou a expressão usada na véspera por um membro do governo de Atenas, que aludiu a negociações "com uma pistola apontada à cabeça".

De forma indignada, afirmou: "Esta é a União Europeia. Com um revólver apontado à cabeça, uma nação já asfixiada e colocada sob bloqueio financeiro deve concluir um `acordo` ao fim de 13 horas de negociação?"

Catarina Martins, do português Bloco de Esquerda, estimou que "a democracia foi completamente apagada do mapa", enquanto o PCP aludiu a "asfixia".

Logo no domingo à noite, o Prémio Nobel da Economia Paul Krugman ajudou a divulgar a mensagem que circulava nas redes sociais `#ThisIsACoup` (#IstoÉUmGolpe) e pretendia descrever a essência das negociações.

"A lista das exigências do eurogrupo é uma loucura. O `hashtag` (cardinal, sinal usado nas redes sociais, designadamente na twitter) da moda, #ThisIsACoup, está perfeitamente certo. Isto vai além da dureza. É uma vontade de vingança, de destruição total da soberania nacional. (...) Uma traição grotesca a tudo o que o projeto europeu era suposto defender", escreveu.

Em Itália, os populistas do Movimento 5 Estrelas do ex-comediante Beppe Grillo deploraram "a humilhação da Grécia".

Nos antípodas do xadrez político europeu, os eurófobos britânicos do Ukip e da extrema-direita francesa, da Frente Nacional, também falaram de "humilhação" e soberania reduzida.

Ainda em Itália, um dirigente da Liga Norte, Matteo Salvini, que também se opõe ao euro, classificou o acordo sobre a Grécia como uma "palhaçada", argumentando: "Dá-se uma prenda (à Grécia) de 80 mil milhões de euros e não se discute a Europa e os tratados".

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