"Ameaça à estabilidade". Primeiro-ministro russo apela à união em torno de Putin

O primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, admitiu esta segunda-feira que a rebelião do grupo Wagner foi uma “ameaça à estabilidade” de Moscovo e apelou à união dos russos em torno do presidente Vladimir Putin.

Mariana Ribeiro Soares - RTP /
Alexander Astafyev - Pool via Reuters

Durante uma reunião do Governo transmitida pela televisão estatal, o primeiro-ministro da Rússia disse que o país enfrentou “uma ameaça à estabilidade” durante o fim de semana, quando o grupo paramilitar Wagner, liderado por Evgueni Prigozhin, se revoltou contra o Ministério russo da Defesa e deu início a uma “marcha pela justiça” até Moscovo.

Perante essa ameaça, Mikhail Mishustin apela agora à união em torno do presidente russo, Vladimir Putin.

“A união de toda a sociedade é especialmente importante. Precisamos de agir juntos, como uma equipa, e manter a unidade de todas as forças, reunidas em torno do presidente”, disse Mishustin.

“Como observou o presidente, praticamente toda a máquina militar, económica e de informação do Ocidente está voltada contra nós”, acrescentou.

O presidente russo divulgou esta segunda-feira a sua primeira declaração desde o motim armado do Grupo Wagner, no fim de semana.Não está claro quando ou onde Putin estava quando gravou a declaração. A sua última declaração foi no sábado, quando condenou o motim dos mercenários do grupo Wagner como uma “facada nas costas”.


Dirigindo-se aos participantes num fórum industrial, Putin limitou-se a elogiar as empresas por garantirem "o funcionamento estável" da indústria do país "perante os graves desafios externos".

Também esta segunda-feira, o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, apareceu pela primeira vez na televisão estatal após a rebelião do grupo Wagner.

Nas imagens, Shoigu aparece a visitar tropas russas na Ucrânia, a ouvir relatos de oficiais.
No entanto, o vídeo de 47 segundos foi lançado sem som e não ficou claro quando e onde foi filmado.

Moscovo procura mostrar o apoio tácito do Kremlin a Shoigu e enviar um sinal de que a invasão da Ucrânia não esmoreceu, apesar da insurreição do fim de semana.
"Marcha pela justiça"

Evgueni Prigozhin e as tropas do Grupo Wagner revoltaram-se contra o Ministério russo da Defesa na noite de sexta-feira, acusando o Exército russo de levar a cabo ataques contra acampamentos dos seus mercenários, provocando um “grande número” de vítimas.

Prigozhim declarou, por isso, o início de uma “marcha pela justiça” até Moscovo. Os paramilitares russos ficaram a 200 quilómetros de Moscovo, quando o líder do grupo Wagner ordenou o recuso das suas tropas para evitar um “banho de sangue”.

Prigozhim terá chegado a acordo com o Kremlin, com a mediação da Bielorrússia, e abandonou a Rússia ao final do dia de sábado, procurando exílio político em Misnk.

Apesar de breve, a rebelião do grupo Wagner foi o mais sério desafio ao poder do presidente Vladimir Putin em 23 anos e está a ser visto como um duro golpe e uma ameaça para o regime de Putin. A China, no entanto, encara rebelião do Grupo Wagner como "assuntos internos" da Rússia e considera que a ideia de que a revolta do grupo paramilitar enfraqueceu a autoridade de Putin é uma “ilusão” do Ocidente.

Moscovo procura agora repor a calma e retomar a normalidade na sequência da rebelião de Wagner.
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