Os ataques perpetrados pela Rússia às instalações da rede de energia da Ucrânia tinham como alvo "toda a nação" e visavam a rendição de Kiev. Numa entrevista à BBC, procurador-geral ucraniano considerou que os bombardeamentos às infraestruturas importantes do país equivalem a genocídio.
Com os ataques russos ao seu território e os consequentes cortes de energia no país, numa altura em que a Ucrânia já enfrenta temperaturas negativas, Kiev acusa Moscovo de genocídio. A Rússia, no entanto, nega ter esse objetivo com a invasão.
Segundp Volodymyr Zelensky, as populações de 14 regiões, incluindo na capital, continuam com restrições no uso de energia devido aos cortes frequentes, depois dos ataques russos. No domingo, o presidente da Ucrânia avisou os cidadãos para estarem preparados para as consequências de novos ataques da Rússia, depois de ter acusado Moscovo de usar o frio contra a população.
"Enquanto tiverem mísseis, infelizmente não vão parar", afirmou. "Juntos e ajudando-nos uns aos outros, superaremos também este desafio da guerra: este inverno, esta tentativa da Rússia de usar o frio contra o povo".
A onda de ataques de mísseis russos, a 23 de novembro, contra a
infraestrutura energética, obrigou as autoridades ucranianas a
desligarem as centrais nucleares e a maioria das centrais térmicas e
hidroelétricas da rede para evitar acidentes, o que fez mergulhar grande
parte do país na escuridão.
E como contou Andriy Kostin à emissora britânica, para além dos bombardeamentos às infraestruturas de energia, mais de 11 mil crianças ucranianas foram deportadas à força para a Rússia.
Também este fim de semana, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, acusou o Presidente russo, Vladimir Putin, de tentar usar o inverno como arma. Stoltenberg lembrou "como é perigoso" para a população europeia "depender da Rússia" para o fornecimento de gás natural.
"Temos agora de avaliar a nossa dependência de regimes autoritários, especialmente da China", indicou o responsável.
"Temos agora de avaliar a nossa dependência de regimes autoritários, especialmente da China", indicou o responsável.
Crimes de guerra
A procuradoria-geral da Ucrânia, segundo explicou Kostin, está a investigar a denuncia de quase 50 mil crimes de guerra e de agressão desde que Moscovo de início à ofensiva, em fevereiro.
Um crime de guerra, recorde-se, constitui uma violação das chamadas "regras" de guerra estabelecidas por tratados internacionais, incluindo a Convenção de Genebra, que garantem que os civis devem ser protegidos. Mas a Rússia tem sido acusada de violar essa lei e de pôr em risco a população ucraniana.
Só este fim de semana, por exemplo, o ataque russo a prédios de habitação em Dnipro matou pelo menos um civil e deixou 13 feridos. E em Kherson, foram mortas em ataques russos mais 32 pessoas, mesmo depois de as forças russas terem deixado a região.
Dos crimes de guerra identificados desde o início da invasão da Rússia em fevereiro, Kostin disse que 260 pessoas foram indiciadas e 13 veredictos foram emitidos por tribunais ucranianos. Mas o procurador-geral apela à criação de um "tribunal ad hoc internacional", apoiado por países de "todo o mundo civilizado" que se aponham à invasão para responsabilizar a Rússia.
Dos crimes de guerra identificados desde o início da invasão da Rússia em fevereiro, Kostin disse que 260 pessoas foram indiciadas e 13 veredictos foram emitidos por tribunais ucranianos. Mas o procurador-geral apela à criação de um "tribunal ad hoc internacional", apoiado por países de "todo o mundo civilizado" que se aponham à invasão para responsabilizar a Rússia.