Dois anos da invasão da Ucrânia. Biden anuncia mais de 500 sanções contra a Rússia

por Cristina Sambado - RTP

O presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou esta sexta-feira que a Administração democrata vai implementar mais de 500 novas sanções contra a Rússia. À falta de consenso no Congresso para um novo pacote de ajuda, a Casa Branca procura aumentar a pressão sobre Moscovo para marcar o segundo aniversário da guerra na Ucrânia.

Os Estados Unidos vão impor novas restrições à exportação a quase 100 entidades por prestarem apoio à Rússia e tomar medidas para reduzir ainda mais as receitas energéticas da Rússia, acrescentou Biden. Estas sanções são as últimas de milhares de alvos anunciados pelos Estados Unidos e seus aliados após a invasão da Rússia em 24 de fevereiro de 2022, invasão da Ucrânia que matou dezenas de milhares de pessoas e destruiu cidades.

Biden afirmou que as sanções "garantirão" que o presidente russo Vladimir Putin "pague um preço ainda mais elevado pela sua agressão no estrangeiro e pela repressão no seu país".

"Há dois anos, a Rússia tentou apagar a Ucrânia do mapa. Se Putin não pagar o preço pela morte e destruição, continuará a fazê-lo", acrescentou.As sanções surgem uma semana depois da morte súbita de Alexei Navalny, um opositor de Putin, numa prisão do Ártico. Para Biden disse que "não há dúvida" de que a culpa é do presidente russo e na véspera do segundo aniversário da invasão total da Ucrânia pela Rússia.

Segundo o presidente norte-americano, Vladimir Putin "acreditou que podia facilmente dobrar a vontade e quebrar a coragem de um povo livre. Que podia invadir uma nação soberana e que o mundo viraria as costas. Que podia abalar os alicerces da segurança na Europa e de outros lugares".

Dois anos depois, é ainda mais óbvio do que no primeiro dia, Putin cometeu um grave erro de cálculo", assegurou Biden, numa altura em que a ajuda prestada pelos Estados Unidos foi suspensa, bloqueada pelos deputados republicanos.

Biden acrescentou que Washington procura continuar a apoiar a Ucrânia, que enfrenta uma escassez aguda de munições. "Dois anos após o início desta guerra, o povo da Ucrânia continua a lutar com uma coragem tremenda. Mas estão a ficar sem munições. A Ucrânia precisa de mais suprimentos dos Estados Unidos para manter a linha contra os ataques implacáveis da Rússia, que são realizados com armas e munições do Irão e da Coreia do Norte", esclareceu.

A administração Biden garante regularmente apoio à Ucrânia, mas a nova ajuda militar dos EUA, no valor de 60 mil milhões de dólares, está atualmente bloqueada no Congresso, devido, em particular, à oposição do presidente da Câmara dos Representantes, um aliado de Donald Trump.

Esta sexta-feira, Biden voltou a apelar aos parlamentares para que aprovem este financiamento o mais rapidamente possível, "antes que seja demasiado tarde".

"Este é o momento de provar que os Estados Unidos estão comprometidos com a liberdade e não se submeterão a ninguém", sublinhou Biden.

A União Europeia também anunciou sanções contra cerca de 200 entidades e indivíduos acusados de ajudar a Rússia a adquirir armas ou de envolvimento no rapto de crianças ucranianas, algo que Moscovo nega. Em resposta, o Ministério russo dos Negócios Estrangeiros afirmou ter alargado significativamente a lista de funcionários e políticos europeus proibidos de entrar no país.
Putin presta homenagem a “heróis”
O presidente russo, Vladimir Putin, prestou esta sexta-feira homenagem aos "heróis" que combatem na Ucrânia e ao rearmamento da Rússia, num dia de celebração das forças armadas russas, na véspera do segundo aniversário do assalto a Kiev.

A Rússia assinala o dia 23 de fevereiro como o dia dos "Defensores da Pátria". Esta celebração anual ocorre numa altura em que o exército russo obteve vários êxitos na Ucrânia nos últimos dias.

Num vídeo, Vladimir Putin, em tom sério, prestou homenagem aos "participantes na operação especial" na Ucrânia, que disse estarem a "lutar pela verdade e pela justiça".

"Sois os verdadeiros heróis do nosso povo", acrescentou o líder russo, que prestou homenagem, como faz todos os anos, no túmulo do soldado desconhecido sob o Kremlin.

Nos últimos dias, o presidente russo tem vindo a elogiar o seu país, que no último ano se tem concentrado no esforço de guerra, com um aumento da produção de equipamento e o recrutamento de centenas de milhares de soldados.

Na sexta-feira, vangloriou-se do aumento das entregas de mísseis, drones, veículos blindados, artilharia e sistemas de defesa aérea. "Com base na nossa atual experiência de combate, vamos continuar a reforçar as forças armadas", realçou.

Apesar de Moscovo ter sofrido perdas muito pesadas, com cerca de 120 mil mortos, segundo fontes americanas, conseguiu recrutar quase meio milhão de homens em 2023 e outros 53 mil em janeiro de 2024, de acordo com números oficiais.

A Ucrânia, por seu lado, viu o seu exército ser dizimado pela contraofensiva do verão de 2023 e não consegue reconstituir as suas fileiras. No entanto, nas últimas semanas, obteve alguns êxitos no Mar Negro.

c/ agências
Tópicos
pub