Londres vai treinar pilotos ucranianos mas não se compromete com envio de aviões

por Joana Raposo Santos - RTP
Sunak adiantou que os aviões de combate #fazem parte das conversações" e que ainda hoje foram discutidos. Richard Pohle - Reuters

O primeiro-ministro britânico garantiu esta quarta-feira que "nada está fora da mesa" no que diz respeito ao fornecimento de assistência militar à Ucrânia, mas não quis comprometer-se com o envio de caças. Rishi Sunak adiantou que o Reino Unido vai dar formação à Força Aérea ucraniana antes de qualquer entrega de aviões. A embaixada de Moscovo em Londres já reagiu, ameaçando com "consequências militares e políticas para o continente europeu e para o mundo inteiro".

“Estamos determinados a assegurar que o presidente Volodymyr Zelensky e o povo ucraniano sejam vencedores face à agressão da Rússia”, disse o líder britânico, lembrando que o Reino Unido é dos principais doadores de equipamento militar a Kiev.

Sunak adiantou que os aviões de combate “fazem parte das conversações” e que ainda hoje foram discutidos. “É por isso que anunciámos hoje que iremos formar a Força Aérea ucraniana dentro das plataformas da NATO, já que o primeiro passo antes de fornecermos os aviões é dar aos soldados ou aviadores a capacidade de os utilizar”, explicou.

“Isso é um processo que leva tempo. Iniciámos esse processo hoje, porque queremos ajudar o presidente e o seu país a chegarem à vitória. Nada está fora da mesa”, insistiu.

Já em relação ao fornecimento de tanques, Rishi Sunak frisou que Londres “ajudou a liderar um diálogo internacional que levou depois outros países a também enviarem tanques para a Ucrânia”.

Os membros da NATO têm demonstrado cautela quanto a uma possível entrega de caças a Kiev. O anúncio de Rishi Sunak esta quarta-feira chegou no dia em que o presidente ucraniano visitava o Reino Unido, naquela que é a sua segunda viagem ao estrangeiro deste que as tropas russas iniciaram a invasão do país vizinho.

Moscovo já reagiu às declarações de Londres, com a embaixada russa no Reino Unido a prometer uma “resposta” caso sejam enviados caças a Kiev.

“Gostaria de lembrar as autoridades em Londres que, se tal cenário se verificar, o sangue da escalada da guerra estará na sua consciência, juntamente com as consequências militares e políticas para o continente europeu e para o mundo inteiro”, disse a embaixada, citada por agências de notícias russas. "A Rússia encontrará uma resposta para qualquer medida hostil", acrescentou.
Londres amplia outro programa de treino
Ainda antes da conferência de imprensa conjunta com os dois líderes, Downing Street tinha já avançado em comunicado a intenção de treinar a Força Aérea ucraniana.

“O primeiro-ministro vai oferecer o reforço do treino às tropas ucranianas, expandindo-o, inclusivamente, aos pilotos de caças, de modo a garantir que a Ucrânia possa defender os seus céus no futuro”, lê-se na nota.

“O treino permitirá que os pilotos sejam capazes de pilotar, no futuro, caças sofisticados, de acordo com os padrões da NATO. Como parte desse investimento de longo prazo, o Reino Unido vai trabalhar com a Ucrânia e com aliados internacionais para coordenar o apoio coletivo que responda às necessidades de defesa da Ucrânia”.

Além desta decisão, o Reino Unido anunciou ainda a ampliação de um programa já existente de treino das forças ucranianas, que tem levado milhares de soldados a desenvolverem "prontidão para a batalha" nos últimos meses.

No mês passado, Sunak anunciou que Londres ia entregar a Kiev tanques Challenger 2, tornando-se o primeiro país ocidental a decidir o envio desses veículos. Seguiram-se rapidamente outras nações, entre as quais a Alemanha e os Estados Unidos.
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