Putin terá garantido a Xi Jinping que guerra na Ucrânia duraria cinco anos

O presidente russo terá prometido ao homólogo chinês, em março deste ano, que a invasão da Ucrânia iria durar cinco anos. A informação foi avançada esta quinta-feira pelo diário japonês Nikkei, que cita fontes anónimas familiares com as manobras diplomáticas entre Rússia e China.

RTP /
Gavriil Grigorov - Sputnik/Kremlin via Reuters

A Rússia “vai lutar por cinco anos” na Ucrânia, terá transmitido Vladimir Putin a Xi Jinping numa reunião em Moscovo, há nove meses. Na altura, a guerra cumpria um ano e um mês e o exército russo tinha sofrido uma série de derrotas no terreno.

A versão de Putin junto do líder chinês também sublinhava as vantagens para Pequim de uma guerra prolongada na Europa, perante a possibilidade de a China vir a ser um parceiro comercial no campo do armamento.

O jornal japonês interpreta esta mensagem do líder russo como "um aviso para Xi para que não mudasse a sua posição pró-Rússia".

Ainda segundo a publicação japonesa Nikkei, o presidente chinês pode ter desconfiado da promessa de Putin, já que antes do início da invasão, a 24 de fevereiro de 2022, Xi Jinping tinha “mal-interpretado” as intenções do homólogo russo.

Vinte dias antes do início da guerra, os dois líderes tinham declarado uma parceria “sem limites”, o que pode ter levado terceiros a assumir que Pequim tinha dado a sua bênção a Moscovo para invadir a Ucrânia.Menos de dois meses após a visita de Xi Jinping a Moscovo em março deste ano, a China enviou uma “missão de paz” na Europa, incluindo à Rússia e Ucrânia.

As alegadas declarações de março vêm a público num momento em que Putin tem dado sinais de abertura a um cessar-fogo na Ucrânia. Desde setembro que o presidente russo tem, através de intermediários, mostrado estar disposto a congelar as batalhas nas linhas da frente, segundo o New York Times.

O presidente russo terá alegado estar satisfeito com o território já capturado por Moscovo e estar, por isso, pronto para um armistício. Alguns analistas políticos veem com desconfiança esta postura, alertando que Putin pode estar a criar uma ilusão de tentativa de paz para a usar em sua vantagem nas eleições de 2024, às quais é candidato.

Num artigo de análise, o Nikkei sugere que, se a guerra se prolongar por mais do que os cinco anos alegadamente anunciadas por Putin, os planos e ambições de Xi Jinping para o seu terceiro mandato enquanto presidente da China podem ser alterados.

Ao longo do conflito na Ucrânia, Pequim nunca condenou a invasão russa e tem-se oposto às sanções ocidentais a Moscovo, embora tenha dado sinais de que não estava confortável com a situação de um país ver a sua soberania territorial violada.

c/ agências
PUB