Rússia atingiu duas centrais elétricas no sul da Ucrânia

por Cristina Sambado - RTP
Vyacheslav Madiyevskyy - Reuters

A Rússia atingiu na madrugada de quarta-feira duas centrais energéticas no sul da Ucrânia, provocando dois feridos e prosseguindo a estratégia de bombardear a rede ucraniana de fornecimento de energia, revelou o exército de Kiev.

Os novos ataques noturnos ocorrem menos de três dias depois de o presidente Volodymyr Zelensky ter avisado que o seu país "perderia a guerra" se a ajuda militar dos Estados Unidos, bloqueada há meses no Congresso, não chegasse.

Devido a este bloqueio e às dificuldades de produção militar na Europa, o exército ucraniano enfrenta uma escassez de munições, o que contribui para o cansaço físico e psicológico dos soldados na linha da frente.

Na noite de terça-feira, a Rússia "atacou o sul da Ucrânia com vagas regulares de drones de ataque", afirmou o comando do exército ucraniano no sul do país, em comunicado.

A Rússia disparou três mísseis contra "infraestruturas essenciais de transporte e logística" na região de Odessa, no sul do país.

"Uma infraestrutura de energia foi danificada" e "dois empregados de uma empresa de transportes ficaram feridos", acrescentou o exército, sem dar mais pormenores.

"Estamos a avaliar a extensão dos danos na central elétrica", avançou o presidente da Câmara de Odessa, Gennady Troukhanov, referindo-se a uma pessoa ferida.Há várias semanas que a Rússia bombardeia as infraestruturas energéticas ucranianas, sobretudo no nordeste, em torno de Kharkiv, mas também noutras regiões, provocando cortes de energia generalizados.

As infraestruturas energéticas em Mykolaiv foram danificadas em resultado do ataque, interrompendo o fornecimento de energia durante várias horas. Não houve vítimas nos ataques, disseram os militares.

O ataque russo provocou um incêndio que foi depois "localizado" pelos bombeiros, acrescentou esta fonte.
Ucrânia destruiu 14 drones lançados pela Rússia

No total, 14 dos 17 drones Shahed lançados pela Rússia durante a noite foram intercetados pela força aérea ucraniana, segundo o relatório divulgado esta madrugada.

O comando sul das Forças Armadas da Ucrânia disse no Telegram que 12 drones foram derrubados sobre a região de Mykolaiv e dois sobre Odessa.

Já o comandante da Força Aérea da Ucrânia, Mykola Oleshchuk, escreveu no Telegram que a Rússia também lançou dois mísseis de cruzeiro Iskander-K e um míssil balístico Iskander-M, sem revelar o que aconteceu com as armas.

Dois mísseis aéreos guiados Kh-59 que a Rússia lançou em direção ao porto de Odesa, no Mar Negro, foram destruídos, acrescentou Oleshchuk.

Por seu lado, o exército russo afirmou ter destruído cinco drones ucranianos durante a noite sobre a região fronteiriça russa de Bryansk.


Já na região de Rostov, no sul da Rússia, um drone atingiu a cidade de Taganrog.
Novos ataques contra a central nuclear de Zaporizhia
A Rússia afirmou na terça-feira que a Ucrânia atacou a central nuclear de Zaporizhia, controlada pelos russos, pelo terceiro dia com um drone , mas os oficiais ucranianos negaram que Kiev tivesse algo a ver com os ataques.

A Ucrânia negou que esteja por detrás de uma série de ataques com drones à central nos últimos três dias, incluindo três no domingo, que a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) disse terem posto em perigo a segurança nuclear.

"O centro de formação único da central nuclear de Zaporizhia foi atacado", declarou a central controlada pela Rússia em comunicado. O drone caiu no telhado do centro de treino sem provocar feridos.
O Kremlin afirmou que os ataques com drones foram efetuados pela Ucrânia e que eram muito perigosos, com consequências potenciais extremamente graves.

Os serviços secretos militares ucranianos afirmaram que Kiev não ataca instalações nucleares. "A posição da Ucrânia é clara e inequívoca - não cometemos quaisquer ações militares em instalações nucleares", disse Andriy Yusov, porta-voz da inteligência militar da Ucrânia, na televisão nacional.

O Ministério ucraniano dos Negócios Estrangeiros afirmou a Rússia era a única ameaça à central de Zaporizhia, que "não só se apoderou, militarizou e está a tentar sequestrar uma central nuclear, como também a utiliza como plataforma de propaganda".

Segundo a agência noticiosa estatal RIA, o ataque do drone ao centro de formação ocorreu apenas 10 minutos após a passagem de representantes da missão da Agência Internacional de Energia Atómica.

Mikhail Ulyanov, embaixador da Rússia em organizações internacionais em Viena, disse no Telegram que o apelo do chefe de política externa da União Europeia para que a Rússia se retire de Zaporizhia "soa como um incentivo para novos ataques ucranianos".

O chefe da política externa da União Europeia, Josep Borrell, afirmou na terça-feira que os ataques de drones à central nuclear aumentam o risco de acidentes perigosos.

"Esses ataques devem parar", disse Borrell na rede social X.


"A Rússia deve retirar-se da central nuclear de Zaporizhia".

A Rússia convocou uma reunião extraordinária do Conselho de Governadores da ONU, composto por 35 países, para discutir o ataque à central nuclear de Zaporizhia, na Ucrânia, que deverá ter lugar na quinta-feira, segundo quatro diplomatas.
Tópicos
pub