Rússia pede apoio de agência atómica da ONU para segurança da central de Zaporijia

por Lusa

A Rússia pediu hoje à Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) que tome medidas para evitar supostos ataques das forças ucranianas contra a central nuclear de Zaporijia, após Kiev ter denunciado alegados planos russos de sabotagem da infraestrutura.

Durante uma reunião com o diretor da AIEA, Rafael Grossi, no enclave russo báltico de Kaliningrado, os dirigentes da Rosatom (a empresas estatal russa de energia atómica) pediram medidas concretas por parte da agência das Nações Unidas para garantir a segurança da central nuclear de Zaporijia, a maior do género na Europa.

Na reunião, as duas partes começaram por analisar os princípios que Grossi disse serem fundamentais para garantir essa segurança: não lançar ataques militares contra a central; que esta não seja utilizada para armazenar armas com capacidade ofensiva; que o fornecimento de energia da central não seja colocado em risco; que as suas estruturas essenciais sejam protegidas.

De acordo com um comunicado da Rosatom, o diretor desta agência russa, Alexei Likhachev, sublinhou que espera medidas concretas da AIEA para evitar ataques por parte do exército ucraniano contra a central nuclear.

A reunião aconteceu apenas dois dias depois de o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ter denunciado que a Rússia está a preparar ações contra a central de Zaporijia, que está sob controlo das forças russas.

"Os nossos serviços secretos obtiveram informações segundo as quais a Rússia está a considerar um cenário de um ataque terrorista na central elétrica de Zaporijia, um ataque que envolve uma libertação de radiação", disse Zelensky na rede social Telegram.

"Eles prepararam tudo para o efeito", afirmou, segundo a agência francesa AFP.

De acordo com o comunicado de hoje da Rosatom, durante uma visita que Grossi fez à central de Zaporijia, em 15 de junho, o diretor da AIEA teve a oportunidade de constatar alegadas "consequências dos ataques do Exército ucraniano através de `drones`" contra o sistema de distribuição elétrica da central de Zaporijia (próxima da central nuclear).

"Likhachev explicou ao diretor-geral da AIEA as medidas tomadas pelo lado russo para garantir a operação segura da central de Zaporijia, incluindo o abastecimento de água após a destruição da barragem de Kakhovka pelo exército ucraniano", acrescentou a Rosatom no comunicado.

Segundo a agência russa, Grossi pôde ainda "verificar pessoalmente que as instalações hidrotécnicas da central nuclear de Zaporijia estão a funcionar normalmente e que a lagoa de arrefecimento possui reservas de água suficientes para o funcionamento seguro da estação".

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

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