Ucrânia. Agência de Energia Atómica informada de novo ataque à central de Zaporijia

por Lusa

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) confirmou hoje ter sido informada de um novo ataque com `drones` na central nuclear ucraniana de Zaporijia, que, embora não tenha provocado danos, expôs mais uma vez o risco de um desastre.

Em comunicado, a AIEA adverte que, se a tentativa de ataque ao centro de formação da central nuclear se confirmar, seria um incidente "extremamente preocupante".

Este terá sido o terceiro ataque contra o centro de formação relatado recentemente, depois de dois incidentes semelhantes ocorridos na semana passada, assinalou Rafael Grossi, diretor-geral da AIEA citado no comunicado.

Grossi afirma que a central nuclear "informou a equipa da AIEA destacada no local que o `drone` tinha sido neutralizado, sem dar mais detalhes", e que ao mesmo tempo, na manhã de hoje, os especialistas da agência ouviram uma explosão.

O acesso ao centro foi negado por alegadas razões de segurança aos técnicos da AIEA que queriam avaliar o incidente, embora esteja situado fora do perímetro da central nuclear, explicou Grossi.

"O incidente ocorre menos de duas semanas depois de uma série de ataques de `drones` terem aumentado significativamente as preocupações sobre a já precária situação de segurança nuclear na maior central nuclear da Europa, localizada na linha da frente do conflito", sublinha o responsável da AIEA.

"Quem quer que esteja por trás destes incidentes parece estar a ignorar os repetidos apelos da comunidade internacional para a máxima contenção militar para evitar a ameaça muito real de um grave acidente nuclear, que poderia ter consequências significativas para a saúde e o ambiente e não beneficiaria absolutamente ninguém", insistiu.

A central nuclear de Zaporijia está ocupada pela Rússia desde março de 2022, no mês seguinte à invasão da Ucrânia, e os seus seis reatores estão desligados a frio, a fim de melhorar a segurança geral da central.

Embora esta medida reduza a possibilidade de acidentes, Grossi tem alertado repetidamente para a fragilidade da situação, uma vez que a unidade continua a enfrentar riscos decorrentes dos combates entre as tropas russas e o Exército ucraniano.

Rússia e Ucrânia acusam-se mutuamente dos ataques que a central sofreu este mês, os primeiros diretos desde novembro de 2022, que afetaram um dos seis reatores.

A AIEA pede há meses a criação de uma zona de segurança em torno de Zaporijia e livre dos combates, para evitar um acidente.

Na segunda-feira, Grossi alertou o Conselho de Segurança da ONU que a central de Zaporijia está "perigosamente" perto de um acidente, que, se ocorresse, teria "enormes consequências radioativas".

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