Biden apela ao Irão para que não ataque Israel

por Cristina Sambado - RTP
Bonnie Cash - Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reafirmou a expectativa de que o Irão ataque Israel "mais cedo ou mais tarde", apelando a Teerão para que não dê esse passo.

Questionado por jornalistas sobre sua mensagem ao Irão, Biden disse simplesmente "não" e destacou o compromisso de Washington em defender Israel.

"Estamos empenhados na defesa de Israel. Vamos apoiar Israel. Vamos ajudar a defesa de Israel e o Irão não será bem-sucedido", frisou.
Biden acrescentou que não divulgaria informações seguras, mas disse que sua expetativa era a de que um ataque do Irão pudesse vir "mais cedo ou mais tarde”.

Os Estados Unidos apressaram a colocação de navios de guerra em posição para proteger Israel e as forças americanas na região, na esperança de evitar um ataque direto do Irão a Israel que poderia ocorrer já na sexta-feira ou no sábado, avançou o Wall Street Journal na sexta-feira.

As medidas dos EUA, que fazem parte de um esforço para evitar um conflito maior no Médio Oriente, surgiram após um aviso de uma pessoa familiarizada com o assunto sobre o momento e o local do potencial ataque iraniano, disse o jornal.

O porta-voz da Casa Branca, John Kirby, revelou que o suposto ataque iminente do Irão a Israel era uma ameaça real e viável, mas não deu pormenores sobre um eventual calendário.

Kirby disse que os Estados Unidos estavam a analisar a sua própria postura de força na região à luz da ameaça de Teerão e que estavam a observar a situação de muito perto. Israel preparado para ataque iraniano
Israel preparou-se na sexta-feira para um ataque do Irão ou dos seus representantes, uma vez que aumentaram os avisos de retaliação por um ataque ao complexo da embaixada iraniana em Damasco, na semana passada, que matou 16 pessoas, incluindo sete membros dos Guardas da Revolução, o exército ideológico da República Islâmica.

Israel não reivindicou a responsabilidade pelo ataque aéreo de 1 de abril. Mas o ayatollah Ali Khamenei, guia supremo da República Islâmica, disse que Israel "deve ser punido e será" por uma operação que ele disse ser equivalente a um ataque em solo iraniano.

Na sexta-feira, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel afirmou que o país está preparado e tem vários planos para responder a um possível ataque iraniano.

Daniel Hagari afirmou que as forças israelitas realizaram, "nas últimas 24 horas, revisões de planos para uma série de cenários, na sequência de relatos e declarações de um ataque iraniano. Os comandantes apresentaram ao chefe os planos de defesa e ataque e ajustaram a resposta operacional em todas as áreas”.
“Deve ser dito que estamos em guerra há meio ano e lidámos com todo o tipo de ameaças. As nossas defesas estão a postos e sabem como lidar com cada ameaça separadamente. A seguir à defesa, estamos preparados para atacar. Estamos prontos para atacar com uma série de capacidades e sabemos como agir e proteger o povo de Israel”.

Às 0h00 deste sábado, o exército israelita informou que tinham sido lançados alertas na Faixa de Gaza, enquanto a Jihad Islâmica, o segundo maior grupo islamita palestiniano depois do Hamas, reivindicou simultaneamente a responsabilidade de disparar contra a cidade israelita de Sderot em "resposta" aos ataques de Gaza.

O Ministério português dos Negócios Estrangeiros reforçou o alerta para que se evitem viagens a Israel e países da região, num momento de grande tensão no Médio Oriente devido a um possível ataque de Teerão contra os israelitas. Também a Índia, a França, a Polónia e a Rússia advertiram os seus cidadãos contra viagens para a região, já em perigo devido à guerra em Gaza, agora no seu sétimo mês. Na sexta-feira, a Alemanha apelou aos seus cidadãos para abandonarem o Irão.
Israel ataca Gaza e Hezbollah reage

As forças israelitas efetuaram entretanto novos ataques mortíferos na Faixa de Gaza e o Hezbollah xiita libanês disparou salvas de rockets contra o norte de Israel, num contexto de receio de um ataque iraniano contra Israel.

O Hezbollah, apoiado pelo Irão, anunciou na sexta-feira que tinha disparado "dezenas de rockets" contra posições israelitas, em resposta.


Segundo o exército israelita, "foram detetados cerca de 40 disparos provenientes do território libanês, alguns dos quais foram intercetados". "Não foram registados feridos", completou o Tsahal, acrescentando que tinha anteriormente intercetado dois "drones explosivos do Hezbollah".

c/ agências
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