Netanyahu pede à Justiça adiamento sobre recrutamento militar de ultraortodoxos em Israel

por Lusa

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, pediu hoje ao Supremo Tribunal um novo adiamento para permitir ao governo negociar um acordo sobre a polémica questão do recrutamento dos judeus ultraortodoxos, que divide a coligação de direita.

Na sequência de vários recursos que exigiam o recrutamento imediato dos judeus ultraortodoxos para cumprir a lei sobre a igualdade entre os cidadãos, o Supremo Tribunal tinha dado ao Governo até quarta-feira para formular uma proposta de lei pormenorizada.

Numa carta enviada hoje ao Supremo Tribunal, Netanyahu pediu um adiamento de 30 dias, invocando "condições ligadas aos esforços de guerra", segundo um comunicado do seu gabinete.

"A questão da igualdade de deveres é de importância vital para a sociedade israelita", defendeu o primeiro-ministro, acrescentando ser "necessário um pouco mais de tempo para chegar a um acordo" sobre a questão.

Em Israel, o serviço militar é obrigatório, mas os judeus ultraortodoxos ("haredim" em hebraico) podem escapar ao recrutamento se dedicarem o seu tempo ao estudo dos textos sagrados do judaísmo, isenção introduzida aquando da criação do Estado de Israel, em 1948, e que nunca foi alterada desde então.

Numa altura em que Israel está em guerra com o movimento islamita palestiniano Hamas em Gaza há quase seis meses, a isenção tem sido cada vez mais criticada na sociedade.

Segundo uma sondagem recente, 70% da população judaica do país considera que os judeus ultraortodoxos, tal como todos os outros, devem contribuir para a segurança do país e cumprir o serviço militar.

Dividida entre as suas diferentes componentes, a coligação governamental tem dificuldade em chegar a um acordo, nomeadamente devido à oposição dos partidos ultraortodoxos, que não querem ouvir falar de recrutamento.

O Procurador-Geral, Gali Baharav-Miara, cujo papel consiste em aconselhar o Governo sobre questões jurídicas e representá-lo perante os tribunais, declarou hoje que, na ausência de uma lei que autorize o adiamento do recrutamento, "a partir de 01 de abril" não será possível que "os estudantes das escolas talmúdicas continuem a evitar os procedimentos" de cumprimento do serviço militar.

O governo de coligação de Netanyahu depende fortemente da aliança com os dois principais partidos ultraortodoxos, Shass e Judaísmo Unido da Torá, que se opõem ferozmente ao recrutamento dos "haredim". A sua deserção poderia fazer cair a coligação.

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