PR Ramphosa garante Governo de estabilidade para a África do Sul

por Lusa

O presidente Cyril Ramaphosa declarou que o ANC Governante vai formar um Governo de unidade com mais do que um partido da oposição para garantir estabilidade e enfrentar os desafios triplos da pobreza, desemprego e desigualdade no país.

No seu primeiro discurso no parlamento, após ser reeleito por 283 deputados de um total de 339 que votaram na noite desta sexta-feira, o chefe de Estado sul-africano, que também é presidente do Congresso Nacional Africano (ANC), no poder desde o fim do `apartheid`, frisou que "a dura realidade é que os resultados da nossa eleição passada ditaram que nenhum partido representado nesta casa alcançou uma maioria absoluta para governar sozinho legislativamente e também a nível executivo".

Nesse sentido, o líder sul-africano apelou à "cooperação" dos partidos políticos eleitos das eleições no sentido de "trabalhar juntos de duas maneiras: como um parlamento voluntário de unidade nacional e por meio de um governo voluntário de unidade nacional".

"Vários partidos concordaram com uma declaração de intenção para formar um Governo de Unidade Nacional (GNU)", salientou.

O chefe de Estado sul-africano indicou que o novo governo de unidade "será constituído não por dois, não por três, mas por mais partidos que voluntariamente queiram participar".

"Esta não é uma grande coalizão de dois ou três partidos, é um Governo de Unidade Nacional que estamos a constituir", adiantou, sem avançar detalhes.

"Já estivemos aqui antes, estávamos em 1994 quando procuramos unificar o nosso país e implementar a reconciliação, e estamos aqui agora, direcionados pelos votos que o nosso povo depositou para trabalharmos em conjunto na resolução dos desafios que enfrentam e isso faremos, e é isso que estou comprometido a alcançar como Presidente da República da África do Sul", declarou.

"Para garantir estabilidade e também para enfrentar os desafios triplos da pobreza, desemprego e desigualdade", adiantou o presidente sul-africano.

Ramaphosa considerou "histórica" a atual conjuntura em que se encontra a África do Sul após 30 anos sob governação do seu partido, o Congresso Nacional Africano.

Esta é uma conjuntura histórica na vida do nosso país, que exige que trabalhemos e ajamos juntos para consolidar a nossa democracia constitucional e o estado de direito e construir uma África do Sul para todo o seu povo".  

O líder sul-africano disse acreditar que "será uma nova era de esperança e também uma era de inclusão".

Pela primeira vez em trinta anos, a África do Sul foi a eleições com uma população maioritariamente jovem, sem memória do `apartheid`, da luta de Mandela pela liberdade ou da ascensão ao poder do seu antigo movimento nacionalista, hoje em declínio.

O ANC, que obteve 40,18% dos votos, perdeu a maioria, vendo-se obrigado a formar um Governo de Unidade Nacional.

O voto de "desilusão" para com o ANC, sentiu-se especialmente entre os jovens dos 15-34 anos, que enfrentam uma taxa de desemprego na ordem dos 45,5%.

O ANC governante enfrenta também nos últimos anos a quase falência das empresas públicas.

No campo económico, dados oficias indicam que a África do Sul, que registou um crescimento do PIB de 1,9%, em 2022, confronta-se com uma taxa de desemprego de 32,9% desde o primeiro trimestre de 2024, um dos principais temas eleitorais, a par da violência de género e da expropriação sem compensação da propriedade privada.

Em 1994, o partido Congresso Nacional Africano, de orientação marxista-leninista liderado por Mandela, foi eleito com 62,65% dos votos para governar a economia mais desenvolvida do continente como parte de uma "Aliança Tripartida" formada com o Partido Comunista da África do Sul (SACP) e a Confederação Sindical da África do Sul (COSATU).

Atualmente cerca de 28 milhões de pessoas recebem subsídios sociais do Governo, e a sociedade sul-africana enfrenta também níveis de corrupção pública endémica, elevada pobreza, violência, e a degradação das principais infraestruturas e serviços público.

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