"Plano Mattei" para África incluído na declaração final do G7 em Itália

por Lusa
Ettore Ferrari - EPA

O italiano "Plano Mattei" para o desenvolvimento da África, para ajudar a controlar os fluxos migratórios, foi incluído na declaração final da Cimeira do Grupo dos Sete (G7) em Itália, segundo a agência de notícias Ansa.

"A parceria do G7 para Infraestruturas e Investimentos Globais, incluindo iniciativas como o Portal Global da União Europeia (UE), fornece um quadro que utilizaremos para promover a nossa visão de infraestruturas sustentáveis, resilientes e economicamente viáveis em África, apoiadas por uma seleção transparente de projetos, aquisições e financiamento", diz a declaração final do G7.

"Neste sentido, saudamos o `Plano Mattei` para África lançado pela Itália", lê-se na declaração.

No início do ano, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, anunciou que reuniu 5,5 mil milhões de euros para lançar uma nova estratégia de cooperação com África que ajude a controlar os fluxos migratórios para Itália e para a Europa.

O `Plano Mattei` é o nome da estratégia em homenagem a Enrico Mattei, fundador da Eni (o gigante estatal italiano da energia), que nos anos 50 defendeu uma relação de cooperação com os países africanos, que passava por ajudá-los a desenvolver os seus recursos naturais.

No entanto, várias organizações humanitárias internacionais têm criticado o plano, alegando que o que faz é manter pessoas que querem ir viver para a Europa em países onde os direitos humanos têm regredido.

As críticas aprofundaram-se após um acordo assinado com a Albânia, que prevê o acolhimento de até 3.000 migrantes e refugiados resgatados por navios italianos por mês.

O Governo italiano, constituído por uma coligação de direita e extrema-direita, foi eleito com a promessa de cortar o fluxo de desembarques em Itália de migrantes provenientes do norte de África.

Face ao aumento das chegadas, o executivo decidiu restringir as atividades dos navios de ajuda aos migrantes, proibindo-os de fazer mais de um resgate em cada saída para o mar e obrigando-os a desembarques em portos designados pelas autoridades, normalmente em locais longínquos.

A questão das migrações foi, também, recentemente das mais discutidas pelos candidatos ao Parlamento Europeu na campanha para as eleições de 06 a 09 de junho.

A cimeira do G7 (Grupo dos Sete, que reúne as sete maiores economias do mundo - Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido -- e conta também com uma representação da União Europeia), começou na quinta-feira e termina hoje, em Apúlia, sul de Itália.

A sessão de abertura foi dedicada a África, alterações climáticas e desenvolvimento e o grande destaque foi o apoio que o G7 deu à Ucrânia com a atribuição de um pacote de 50 mil milhões de dólares (cerca de 46,3 mil milhões de euros).

Na lista de convidados estão vários líderes africanos, incluindo o argelino Abdelmadjid Tebboune, o tunisino Kais Saied, o queniano William Ruto e o mauritano Mohamed Ould Ghazouani.

Foram, ainda, convidados os Presidentes turco, Recep Tayyip Erdogan, e o argentino, Javier Milei, estando o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, presente pelo seu país deter atualmente a presidência rotativa do G20.

A primeira-ministra italiana, anfitriã da cimeira (Itália assume a presidência rotativa do grupo), que assumiu querer proporcionar "uma visão mais ampla e global", tendo convidado líderes africanos e árabes, dará uma conferência de imprensa no sábado.

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