2017 entre os três anos mais quentes de sempre

por RTP
Sessão de abertura da Conferência do Clima das Nações Unidas em Bona, na Alemanha Wolfgang Rattay - Reuters

O ano de 2017 está entre os três anos mais quentes desde que há registos. Esta conclusão da Organização Meteorológica Mundial resulta em mudanças climáticas e num "clima extraordinário" que é propício a terramotos, inundações e secas. Informações que surgem no âmbito da conferência sobre as mudanças climáticas que começou esta segunda-feira e dura até 17 de novembro.

Reunidos na Alemanha, os representantes de 196 países deverão chegar a acordo sobre a aplicação das regras definidas em Paris para manter o aquecimento global abaixo dos 2 graus celsius em relação à época pré-industrial.

"Vários destes fenómenos - os estudos científicos revelarão exatamente quantos - têm a marca do aquecimento global provocado pelas concentrações de gases de efeito estufa libertados pela atividade humana", referiu o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM) Petteri Taalas.

O ano de 2016, em que se verificou um forte El Niño, é o ano mais quente em absoluto, seguido de 2017 e 2015, desde que há registos, indicou a organização na 23.ª Conferência do Clima das Nações Unidas, que se realiza em Bona, na Alemanha.
Os fenómenos El Niño são alterações significativas de curta duração na distribuição da temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico.

Segundo a secretária-executiva da conferência Patricia Espinosa, "estas descobertas sublinham os riscos crescentes para as economias das pessoas e a vida na Terra, se falharmos em atingir os objetivos e ambições do acordo de Paris".

"O oceano absorve até 30 por cento das emissões anuais de dióxido de carbono produzidas pelos humanos", acrescentando o custo que tem para os corais, a aquicultura e o equilíbrio químico dos mares, salienta a OMM.

Patricia Espinosa defendeu que o encontro "deve servir de trampolim para todos os países e setores da sociedade, que serão chamados a rever em alta as suas ambições para o clima".
Seca extrema e severa

O ano de 2017 ficou marcado por acontecimentos climáticos extremos de intensidade inédita, como os furacões nas Caraíbas e no Atlântico, temperaturas de 50 graus celsius na Ásia e a seca na África austral. Os anos mais quentes de sempre aconteceram entre 2013 e 2017.

As temperaturas altas que têm vindo a ser referidas colocam o país em seca severa e extrema. Desde 1931 que não se registava um mês de outubro tão quente, com a temperatura do ar três graus celsius acima do valor normal.

A OMM referiu que a concentração de dióxido de carbono atingiu 403,3 ppm, o valor mais alto desde há 800 mil anos, resultando no aumento da temperatura em mais de dois graus no final do século.

Os cientistas revelam que a tendência de aquecimento global causada pelas atividades humanas está a aumentar sem precedentes e que algumas das situações verificadas durante este ano comprovam as mudanças climáticas.

Embora o documento só tenha abrangido os meses de janeiro a setembro, a OMM refere no relatório anual sobre mudanças climáticas que a temperatura média global está com mais 1,1 graus celsius do que deveria.

Este valor está perto do limite de 1,5 graus celsius que alguns estados insulares necessitam para garantir a sua sobrevivência. O relatório explica que 2017 é mais quente por 0,47 graus celsius relativamente a 1981.

Estes valores encontram-se ligeiramente abaixo dos registados em 2016 quando o fenómeno denominado de El Niño registou temperaturas de 0,56 graus celsius acima da média.

Comparando com níveis de 1750, a concentração de dióxido de carbono aumentou 1,5 vezes e a de metano duas vezes.

"Temos testemunhado temperaturas extraordinárias" referiu Petteri Taalas, acrescentando que as mudanças de clima são causadas principalmente por "grandes concentrações de dióxido de carbono para as atividades humanas".

O Acordo de Paris procura acabar com a era do combustível fóssil na segunda metade do século, substituindo por energias mais limpas, tais como energia solar e eólica.
Situação nos Estados Unidos
Em junho deste ano, Donald Trump anunciou a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris estabelecido em 2015 por acreditar que coloca o país em desvantagem.

Agora a Casa Branca veio minimizar o relatório sobre mudanças climáticas, compilado por 13 agências federais dos EUA.

A Conferência do Clima, que começou esta segunda-feira, é a primeira desde que o Presidente dos Estados Unidos anunciou que o país vai sair do Acordo de Paris, anteriormente assinado por Barack Obama.

Os Estados Unidos contribuem com cerca de 15 por cento de emissões globais de dióxido de carbono, mas são uma fonte de financiamento e tecnologia para países em desenvolvimento que tentam combater o aumento das temperaturas.

Ainda não se sabe quando vão os Estados Unidos sair do Acordo de Paris, ainda assim, presume-se que terão uma janela temporal de quatro anos, segundo a BBC.
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