970 milhões de indianos vão a votos a partir de sexta-feira e até junho

por Lusa
Adnan Abidi - Reuters

As eleições gerais na Índia iniciam-se sexta-feira e prolongam-se até 01 de junho, no país mais populoso do mundo, com quase 970 milhões de eleitores num total de 1.400 milhões de pessoas.

A 04 de junho devem ser anunciados os resultados da votação de 44 dias para eleger os 543 membros da câmara baixa do parlamento, denominada Lok Sabha, em sete fases.

Eis alguns pontos essenciais sobre as eleições na Índia que envolvem mais de 10% da população global:

O primeiro-ministro, Narendra Modi, procura obter o terceiro mandato consecutivo frente a uma ampla, mas frágil aliança de mais de 20 partidos da oposição e que ainda não nomeou o seu candidato à chefia do Governo.

A maioria das sondagens prevê que o partido nacionalista hindu de Modi, o Bharatiya Janata (BJP), vença confortavelmente depois de duas vitórias esmagadoras em 2014 e 2019.

O principal partido da oposição, o Congresso, que governou quase ininterruptamente durante décadas, domina agora apenas em três dos 28 estados indianos. O líder do partido, Rahul Gandhi - filho, neto e bisneto de chefes de Governo - foi suspenso temporariamente do Parlamento após ser condenado por difamação.

Além de várias disputas, a oposição tem vivido investigações judiciais avaliadas como ações de neutralização por parte de Modi.

As investigações também suscitaram a reação do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, e de organizações de defesa dos direitos humanos, que consideram que as eleições são tendenciosas.

As eleições prolongam-se por mais de 40 dias dada a dimensão do país e a logística para permitir a votação dos 969 milhões de eleitores registados.

Os eleitores dos 28 estados e oito territórios federais votarão em alturas diferentes. Enquanto alguns Estados votam num dia, noutros a votação prolonga-se, como em Uttar Pradesh - do tamanho do Brasil e com 200 milhões de habitantes - onde a ida às urnas dura sete dias.

A Comissão Eleitoral tem de certificar a existência de possibilidade de voto num raio de dois quilómetros para cada eleitor, o que envolve cerca de 15 milhões funcionários. Em 2019, uma destas equipas viajou mais de 480 quilómetros durante quatro dias para que um eleitor pudesse votar em Arunachal Pradesh.

As eleições após a independência dos britânicos (1951-1952) duraram quase quatro meses e em 1980 apenas quatro dias. Em 2019, a votação demorou 39 dias.

As castas e a religião são dois dos temas evitados, em teoria, pelos partidos, mas que na prática definem grande parte da estratégia eleitoral.

A Comissão Eleitoral recordou, em março, que "não se deve apelar aos sentimentos de casta ou de comunidade dos eleitores", indicando serem ainda proibidos os comentários suscetíveis de gerar tensões entre grupos religiosos ou linguísticos, bem como a propaganda que utilize templos ou outros locais de culto.

A Índia tem mais de uma centena de línguas, praticantes de todas as principais religiões do mundo e uma maioria hindu de quase 80%, com um mosaico de castas organizadas num sistema hierárquico.

Dezenas de milhares de forças de segurança federais, normalmente em serviço nas fronteiras do país, são colocadas ao lado da polícia estatal para prevenir a violência e transportar os funcionários eleitorais.

Eleições anteriores foram marcadas por confrontos, especialmente no estado de Bengala Ocidental, no leste do país.

 

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